Para confirmar que meu filho é autista médico perguntou: 'Você é bobinho?'

Mãe de primeira viagem, Syndel Sensulini percebeu que o filho Anthony tinha alguns comportamentos diferentes, repetitivos e se questionou se isso poderia ser reflexo da criação no isolamento da pandemia. "Nunca tinha ouvido falar nada sobre autismo", diz ela durante bate-papo com a apresentadora Mariana Kupfer, no programa AMAR, em parceria com Materna, a newsletter e editoria de Universa.

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Segundo ela, Anthony ficava se balançando no sofá, andava de um lado para o outro, não tinha contato visual, jogava os brinquedos, virava os carrinhos de cabeça para baixo e ficava girando a rodinha. Ao levar o filho em uma consulta com o neurologista para entender o quadro, Syndel teve uma experiência negativa com o médico.

Foi aí que começou a minha história de ser uma mãe forte, porque quando cheguei no neurologista com o meu marido, ele simplesmente falou: 'Seu filho é autista'. Ele chamou meu filho, mas o Anthony não olhou, ficou abrindo e fechando a gaveta. Ele [neurologista] chamou meu filho [e perguntou]: 'você é bobinho?'. Comecei a chorar. Meu marido é mais firme e discutiu com o médico.Syndel Sensulini

Atualmente com quatro anos, Anthony tem se desenvolvido bem, está começando a falar, come sozinho, aponta e busca o que quer. De acordo com a mãe, a maior dificuldade é as pessoas entenderem porque o filho não quer brincar com os amigos e com os primos. No aniversário dele, por exemplo, ele não quis ficar na hora de cantar parabéns, chorou e saiu correndo.

"Fui estudar, fazer faculdade e tentar entender o que é autismo. Se eu não entender o meu filho, não vou conseguir explicar para as pessoas porque ele não gosta de abraço, de beijo, de ficar muito perto de criança".

Perguntavam se mãe não tinha medo de ter dois filhos com autismo

Syndel Sensulini conta sobre seus filhos para Mariana Kupfer
Syndel Sensulini conta sobre seus filhos para Mariana Kupfer Imagem: Tency Produções

Com o desejo que Anthony tivesse um irmão, Syndel engravidou de Arthur, mas foi questionada se não tinha receio de os dois filhos terem autismo. "Fui um pouco contra a maré, porque todo mundo falava: 'Como você vai ter outro filho e se ele for autista?', 'Você não tem medo?', 'Se eu fosse você, não teria outro filho', comenta ela, ao dizer que se recusava que Anthony fosse sozinho.

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Durante a gestação de Arthur, Syndel teve sangramento, descolamento de placenta e ficou de repouso por três meses. Treze dias após o nascimento do filho, o pai dela faleceu.

Autismo vem para ensinar, não para colocar criança em jaula

Sem saber se Arthur tem autismo, Syndel diz que o filho tem sido observado pela neurologista de Anthony e pela família. Com um ano, ele já anda e fala algumas palavras, mas não dá tchau e nem manda beijos.

Ao deixar um conselho para outras mães atípicas, Syndel diz para elas lutarem, serem fortes e não desistirem dos filhos.

Vão ter pessoas e até médicos que, infelizmente, vão falar que o seu filho não vai ser capaz, não vai viver uma vida normal, mas ele vai com persistência.Syndel Sensulini

Ela incentiva as mães a colocarem os filhos com autismo na escola, a estimulá-los e a respeitar o tempo deles. "O autismo vem para ensinar, não vem para colocar a criança numa jaula e deixá-la quietinha lá, ela tem que voar. Os autistas são muito capazes disso. Eles vivem no mundo deles, mas são intensos em tudo que fazem".

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A história de Syndel Sensulini e dos filhos é uma parceria entre Materna, a editoria e newsletter de Universa, e o programa AMAR, criando um espaço seguro e acolhedor para mães compartilharem histórias do seu maternar.

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