Culpa, tristeza, vergonha, medo e raiva: o 'quinteto' que acaba com o sexo

Por mais que exista tesão, desejo, vontade de estar com alguém, nem sempre a mente age de maneira alinhada ao corpo. Alguns sentimentos mal resolvidos podem afetar a sexualidade, interferindo negativamente na forma de dar e receber prazer. A boa notícia é que, com boas doses de conscientização e autoconhecimento, é possível se livrar de todos eles. Veja cinco inimigos do sexo:

Culpa

Não conseguir gozar e não falar nada para o par, se masturbar e se achar "suja" por isso, ter fantasias sexuais e não realizar por causa de crenças e tabus e por aí vai. Não são poucas as razões envolvendo sexo que muitas mulheres encontram para se sentirem culpadas e afastarem o prazer de suas vidas. Nesses casos, há uma repressão da sexualidade que geralmente vem da infância e adolescência, quando a menina estava descobrindo seu corpo. Isso acontece porque muitas famílias têm dificuldade de falar sobre sexo e orientar os filhos, daí acabam evitando falar no assunto ou passam a tratá-lo como algo feio.

Essas repressões ficam registradas no inconsciente como coisas que não devem ser feitas, sob o risco de "punição", daí a culpa aparece. O ideal é repensar sua vida sexual e se permitir sentir prazer, falar sobre o assunto e sobre os sentimentos guardados e tentar elaborá-los de modo racional, sob a ótica da mulher que é hoje.

Muitas mulheres também ficam mal quando não atingem o orgasmo e fingem obtê-lo, evitando abrir o jogo com o parceiro. Elas se sentem culpadas por não conseguirem, como se isso fosse uma regra básica. Nesse caso, o sentimento de culpa é muitas vezes gerado por uma autoexigência muito grande na performance sexual. Cobrar-se menos, cultivar expectativas realistas e curtir o caminho que conduz ao clímax, em vez de se concentrar só nele, são atitudes que podem ajudar.

Tristeza

Episódios pontuais de tristeza —por causa de um luto, uma perda ou quando algo não dá certo no dia a dia— costumam se refletir na vida sexual. Não há estímulo para o desejo nem para o prazer. A mulher não consegue valorizar-se, enxergar-se, encontrar forças emocionais e físicas para viver momentos na cama. Se o quadro de melancolia e desânimo persistir por um tempo considerável é importante buscar ajuda profissional, pois pode ser sintoma de um problema mais complexo como a depressão.

Em alguns casos, a tristeza pode ser originada dentro da própria relação. Isso ocorre quando o relacionamento deixou de ser alimentado positivamente por causa de problemas, há pouco espaço para o namoro e preliminares, a rotina corrida do cotidiano e a dificuldade de expressar o amor. Com isso, as pessoas acabam desistindo e se acomodando em um relacionamento pobre e infeliz. Para mudar essa situação, sentem, conversem e pensem em soluções.

Vergonha

Trata-se de um sentimento bastante negativo e que impede qualquer pessoa de se entregar por completo e ser feliz no sexo. Ela é comum entre mulheres que ainda não se assumiram plenamente como adultas e donas do próprio corpo. A vergonha inclui o medo do julgamento do outro, já que falta confiança em si mesma. Provavelmente, essas mulheres tiveram figuras parentais muito críticas, que a fizeram crescer e entender o mundo de forma muito rígida.

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Para que a mulher possa ser plena no sexo, ela tem que trabalhar sua rigidez interna e reavaliar o que introjetou dos pais e da sociedade —por causa da educação repressora ou religião, por exemplo—, para que possa dar mais espaço para o impulso. Ser você mesma faz ajuda a expressar seu potencial afetivo e sexual.

Medo

O medo é um dos sentimentos mais limitadores nos relacionamentos amorosos. A ansiedade excessiva em conseguir gozar e/ou ter um desempenho incrível na cama acaba causando o efeito rebote, deixando a mulher mais travada na cama. O receio de se expor também acaba se transformando em um impedimento na comunicação dos casais.

O desejo de agradar o parceiro faz parte da troca afetiva, mas muitas vezes se torna excessivo e bloqueia a expressão da verdade. O prazer sexual deve respeitar as necessidades de cada um e suas limitações. É importante ter claro para si mesma aquilo que lhe faz bem e proporciona prazer, para que a relação sexual seja fluída e prazerosa.

Raiva

Relacionamentos anteriores problemáticos, traições, abandonos ou até mesmo algum histórico de abuso são motivos genuínos para qualquer mulher sentir raiva, muita raiva. É algo perfeitamente normal. O problema, no entanto, é se tornar uma refém eterna dessa raiva, julgando de forma negativa toda nova possibilidade de experiência. Ninguém precisa deixar que uma dor do passado conduza todo o resto da vida.

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Cada relacionamento é único, então é necessário evitar trazer conteúdos de outras relações para a atual. Conversar sobre o que aconteceu com o parceiro é bom para que ele saiba sobre você.

Se houve algum abuso sexual na infância ou adolescência, é importante buscar ajuda especializada, para que consiga tratar esse acontecimento e ter uma vida sexual saudável, livre de defesas e bloqueios. Não é sobre reprimir a raiva, pois essa atitude também gera sintomas prejudiciais, mas sim sobre usá-la de forma positiva, impulsionando uma ação para mudar.

Fontes: Carmen Cerqueira Cesar, psicoterapeuta e terapeuta de casais; Mônica Pantarotto, psicoterapeuta; Priscila Gasparini Fernandes, psicóloga e psicanalista; e Sandra Samaritano, psicóloga e terapeuta de casal

*Com matéria publicada em 28/06/2019

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