Dificuldade para engravidar pode ser culpa de 'apocalipse de esperma'

Quando aparecem dificuldades para o casal engravidar, é comum que os dedos apontem para a mulher. Mas é bem claro que os homens também precisam passar por exames para garantir a fertilidade. Apesar de não acontecer com homens o que ocorre com mulheres, que têm um estoque limitado de óvulos, a dificuldade deles também pode ser explicada pela matemática.

Newsletter

Materna

Conteúdo personalizado com tudo que importa durante a gravidez. Informe seu e-mail e tempo de gestação para receber a newsletter semanal.

Tempo de gestação
Selecione

Ao assinar qualquer newsletter você concorda com nossa Política de Privacidade.

Conheça os conteúdos exclusivos de Materna com acesso ilimitado.

Mesmo que produzam espermatozoides até o fim da vida, homens podem ter baixa contagem, condição que recebeu apelidos como "Spermpocalypse" ou "Spermageddon".

É uma das questões mais comuns que casais enfrentam ao tentar engravidar. Cerca de 50% dos problemas de infertilidade podem ser atribuídos a um fator masculino único ou associado ao feminino. Mas é bem verdade que a contagem de espermatozoides vem caindo durante as últimas décadas, principalmente por conta da mudança do estilo de vida. É preocupante.Fernando Prado, especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e diretor clínico da Neo Vita.

Importante lembrar que a infertilidade é a incapacidade do sistema reprodutor, masculino ou feminino, de conceber a gravidez após 12 meses de relações sexuais regulares desprotegidas. O que pode causar sofrimento significativo e desafios financeiros, afetando o bem-estar mental e psicossocial do casal.

Há alguns anos, estudos já denunciavam a queda de 51% na quantidade de espermatozoides por mililitro de sêmen em homens adultos com mais de 35 anos (entre 1973 e 2018). E o último relatório publicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) revela que uma em cada seis pessoas em todo o mundo (homens ou mulheres) sofre de infertilidade, cerca de 17,5% da população adulta.

Tem mais: além de não acometer apenas um gênero, a prevalência da infertilidade varia pouco de região para região ou até de país para país. É uma questão de saúde pública, em todas as partes do planeta, sem discriminação.

O que é preciso saber sobre o esperma?

As análises compreendem três fatores principais para determinar a saúde do esperma: quantidade, movimento e estrutura.
As análises compreendem três fatores principais para determinar a saúde do esperma: quantidade, movimento e estrutura. Imagem: iStock
Continua após a publicidade

Em primeiro lugar, nada de pânico: mesmo que se usem termos correlatos, não estamos vivendo como em um filme apocalíptico, não é o fim da aventura humana na Terra, existem tratamentos. "Há reprodução assistida, por exemplo, e dependendo do caso, mudanças no estilo de vida já podem ajudar. É preciso consultar um médico", diz Fernando Prado.

A baixa contagem de espermatozoides, ou oligospermia, é uma condição na qual a concentração de espermatozoides no sêmen ejaculado é pequena para promover a fertilização natural de um óvulo. "Geralmente é definido como uma contagem de espermatozoides abaixo de 16 milhões/ml de sêmen, segundo estudos da OMS", explica Fernando.

E não é só a concentração que importa, é preciso que sejam saudáveis e móveis também. Existem casos em que os espermatozoides nadam em pequenos círculos e não vão a lugar nenhum. "Espermatozoides saudáveis são aqueles que estão se movendo para frente ou pelo menos nadando em círculos maiores", explica o médico.

Há ainda a estrutura do esperma a considerar, o que é chamado também de morfologia, ou seja, fatores que influenciam na capacidade do esperma de penetrar um óvulo e fertilizá-lo. O esperma ideal é liso, com uma cabeça oval e cauda longa. Mesmo em amostras de esperma saudável, muitos espermatozoides terão formas diferentes, mas é melhor se pelo menos 4% tiver uma estrutura ótima. Menos que isso? É a chamada teratozoospermia ou teratospermia.

Somente sob o microscópio o quadro completo surgirá. É fundamental que o paciente fale com o médico especialista se estiver tentando engravidar por mais de um ano. As análises compreendem três fatores principais para determinar a saúde do esperma: quantidade, movimento e estrutura. Fernando Prado, especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e diretor clínico da Neo Vita.

Como ter uma boa produção de espermatozoides?

As análises para determinar a saúde do esperma e tentar a gravidez abraçam a quantidade, movimento e estrutura
As análises para determinar a saúde do esperma e tentar a gravidez abraçam a quantidade, movimento e estrutura Imagem: GettyImagens
Continua após a publicidade

Manter um estilo de vida saudável é um pilar essencial para boa produção de espermatozoides. "É bem sabido que exercícios regulares mantêm nossos corpos e mentes em melhor forma. Estudos também indicaram que treinos regulares resultam em níveis mais altos de testosterona e maior qualidade do sêmen. Mas também é importante notar que exercícios excessivos podem reduzir os níveis de testosterona", pondera Fernando.

Outro ponto é a dieta equilibrada. É importante ingerir bastante fruta e vegetais, proteínas e fibras. Além disso, é importante beber água e evitar alimentos com altos níveis de sal, açúcar e gordura saturada. Na alimentação, vale a pena ainda obter zinco o suficiente, caso seu médico diga que é necessário.

Pesquisas mostram uma correlação entre os níveis de zinco no sêmen e a qualidade do esperma, com homens que sofrem de infertilidade exibindo concentrações mais baixas de zinco no sêmen. "O corpo humano não pode armazenar zinco, o que torna ainda mais importante que sua dieta inclua o suficiente desse mineral. Você pode encontrá-lo em: cereais matinais fortificados, lentilhas, sementes de abóbora, ostras, caranguejo, camarão, carne bovina, carne de porco e peru", completa Fernando.

Quanto ao que não fazer, o médico diz que hábitos como uso de esteroides anabolizantes, aumento da temperatura local dos testículos, abuso de álcool ou drogas e cigarro devem sair da rotina. Controlar o estresse também é fundamental, pois isso pode diminuir a função sexual e os hormônios que criam o esperma. "Tente diminuir seus níveis de estresse se exercitando, passando tempo ao ar livre e reservando um tempo para fazer as coisas que gosta. E, mais uma vez, se está tentando engravidar e não consegue, consulte um médico especialista em fertilidade para diagnosticar e tratar a condição."

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.