'Após 205 dias na UTI e 5 cirurgias neurológicas, meu filho foi para casa'
Doze dias após nascer prematuro com 27 semanas, Lucas pegou uma infecção hospitalar e foi diagnosticado com hidrocefalia. Entre idas e vindas, ao total, o menino ficou sete meses ou 205 dias na UTI, 75 dias intubado, teve cinco internações e fez cinco cirurgias neurológicas.
"Foi muito difícil. Lembro que nos primeiros dias eu achei que não fosse aguentar. Tinha momentos que eu falava, qualquer hora vou ter uma crise. Não vou sobreviver a tudo isso porque dói, era uma dor clínica, uma dor no corpo", diz a mãe de Lucas, Nathalia Favaro, durante participação no programa AMAR, apresentado por Mariana Kupfer, em parceria com Materna, a newsletter e editoria de Universa.
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Ao pensar no que seria do filho e como seria a vida dele, Nathalia chegou ao fundo do poço, mas passou a viver melhor quando parou de tentar ter o controle da situação. "A gente quer sempre mudar o passado ou controlar o futuro. Vivo um dia de cada vez, vivo o presente", comenta.
Sem saber como será o desenvolvimento motor e cognitivo do filho, Nathalia diz que às vezes Lucas se comporta como um bebê de dois meses. Ele ainda não senta e nem sorri, mas já interage do jeito dele, olha quando escuta a voz de alguém e recentemente começou a pegar os brinquedos.
Olho para o Lucas e o comparo sempre com ele mesmo, jamais com outra criança. Fico feliz e vibro com cada coisa que ele consegue fazer, porque eu cheguei a não ter nada, perdi tudo. Tiraram todas as minhas possibilidades, até a de ser uma mãe atípica que eu estava conseguindo lidar. A gente vive um presente diário, todo dia pra mim é lucro.Nathalia Favaro
Atualmente, Lucas faz fisioterapia motora, estimulação visual, auditiva, terapia ocupacional e acompanhamento com fonoaudióloga. A expectativa é que ele atinja os marcos de desenvolvimento, mas talvez precise de terapias por toda a vida. "Ver ele tentando levantar a cabecinha e reagir aos estímulos. Às vezes não acredito que estou vivendo aquilo".
Neurologista disse que meu filho era incompatível com a vida
De acordo com Nathalia, um dos momentos mais difíceis durante a jornada com o fillho ocorreu após a primeira cirurgia dele, quando um neurologista disse que o menino era incompatível com a vida, que a infecção havia consumido o cérebro dele e que a cabeça dele só tinha água e resto de tecido degenerado.
A gente sabe até hoje que o Lucas tem uma condição complexa e sabe dos riscos. O dia mais difícil para mim foi quando não souberam me falar, não souberam me passar essa informação, olhando para uma mãe que estava prestes a perder um filho.Nathalia Favaro
Segundo Nathalia, um outro momento delicado aconteceu quando ela teve uma conversa com o filho e disse: "A mamãe te ama e tem muito orgulho de você e do que você fez até aqui. Mas se for sua hora, se você estiver cansado, pode ir. A mamãe vai conseguir superar".
No início do processo, Nathalia se fechou, não conseguia falar sobre o assunto e tinha vergonha de sair na rua e as pessoas a verem sem a barriga de grávida e sem o filho nos braços. Ao contar sua história para outras mães nas redes sociais na tentativa de ajudá-las, ela foi foi ajudada.
"Contar nossa história me libertou, me tirou esse trauma, medo, vergonha, um sentimento estranho de estar vivendo tudo aquilo e, ao mesmo tempo, me trouxe força para continuar". Para as mães que estão passando por uma situação parecida, Nathalia deixa um recado:
"Quero que elas saibam que elas vão sair disso, vai passar. Existem inúmeras possibilidades na medicina, nas terapias. O diagnóstico não é o fim, é o ponto de partida".
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Quero receberA história de Nathalia Favaro e do filho Lucas é uma parceria entre Materna, a editoria e newsletter de Universa, e o programa AMAR, criando um espaço seguro e acolhedor para mães compartilharem histórias do seu maternar.
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