Pode dar suco? E ovo? Nutricionista dá dicas sobre introdução alimentar

Se o seu bebê já tem seis meses e apresenta os sinais de prontidão, como levar objetos à boca, sentar com o mínimo de apoio, controlar a cervical, demonstrar interesse pela comida, não empurrar a comida com a língua (protusão de língua diminuída), chegou a hora de iniciar a introdução alimentar.

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A introdução alimentar é uma fase longa que vai até os dois anos de idade e vai muito além da apresentação dos alimentos. Ela é sobre aprendizado, conexão com a comida e construção de hábitos.Franciele Loss, nutricionista materno-infantil e autora do best-seller "Nutrindo meu Bebê"

De acordo com Loss, essa fase pode gerar dúvidas e desafios para os pais em meio a tantas "opiniões" diferentes. Nos últimos anos muitas recomendações mudaram e é importante estar atualizado. Então, ela elencou as cinco principais, para você estar alerta e atualizada.

1) Nas primeiras semanas, devo oferecer só frutas?

Franciele Loss, nutricionista materno-infantil e autora do best-seller "Nutrindo meu Bebê"
Franciele Loss, nutricionista materno-infantil e autora do best-seller "Nutrindo meu Bebê" Imagem: Divulgação

Não. Segundo o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria, desde o primeiro mês da introdução alimentar o bebê deve ser exposto a mais de uma refeição, o que inclui, por exemplo, café da manhã, almoço e lanche da tarde. Nesse caso, ofereça os cinco grupos alimentares no almoço e jantar: carboidratos, leguminosas, legumes, verduras e proteínas animais (se a família optar, pode não ter esse último grupo).

Todas as frutas são permitidas desde o começo da introdução alimentar, como uva, por exemplo, só é necessário saber como oferecer para evitar o risco de engasgo.

2) Posso dar apenas sopinhas e liquidificar ou peneirar a comida?

Não. Atualmente, é contraindicado oferecer apenas sopinhas e não deve-se liquidificar ou peneirar a comida porque isso compromete os nutrientes dos alimentos, diminui a quantidade de fibras e pode causar constipação.

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"A comida liquidificada prejudica o bom desenvolvimento da mastigação e a aceitação dos alimentos a longo prazo, pois o bebê não conhece as texturas únicas de cada alimento", afirma a nutricionista materno-infantil.

Segundo Loss, os alimentos podem ser oferecidos de duas formas e não existe um método melhor que o outro, mas o que funciona melhor para o bebê.

- Amassados: amasse a comida apenas com o garfo e ofereça os cinco grupos alimentares no almoço/jantar e frutas nos lanches, respeitando a saciedade do bebê e evoluindo as texturas com o passar das semanas.
- BLW: este método consiste em oferecer os alimentos em pedaços grandes e macios para que o bebê coma sozinho usando a mãozinha, também contemplando os cinco grupos alimentares no almoço/jantar e frutas nos lanches.

3) Posso dar suco natural de laranja ou de outro sabor?

Não. Sucos, mesmo naturais, são contraindicados pela Sociedade Brasileira de Pediatria para menores de dois anos, pois prejudicam a aceitação da água pura e dos alimentos, além de aumentar os riscos de diabetes e obesidade.

"Quando preparamos um suco de laranja, por exemplo, são necessárias três laranjas para fazer a bebida que será ingerida rapidamente. Um bebê não conseguiria comer essas mesmas três laranjas no mesmo espaço de tempo. Isso influencia na velocidade que a frutose chega na corrente sanguínea, ou seja, o açúcar naturalmente presente na fruta chega na circulação sanguínea muito mais rápido do que consumir a fruta inteira. Isto pode levar a um pico da glicemia e, como consequência, ao excesso de peso", explica.

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Ainda de acordo com a nutricionista, o suco pode gerar a sensação de saciedade, diminuindo o apetite para alimentos mais energéticos e o bebê pode se acostumar a tomar líquidos com sabores e rejeitar água. Um outro ponto é que quando o suco é coado, muitas vezes, ele perde as fibras que são importantes para o bom funcionamento do trato gastrointestinal e para "segurar" a glicemia.

4) Posso dar ovos ou peixes no começo da introdução alimentar?

Sim, pode. Antigamente acreditava-se que o melhor era evitar alimentos potencialmente alergênicos, como ovos e peixes. Mas atualmente, a recomendação é justamente o contrário. Você pode dar ovos (clara e gema) e peixes desde o começo da IA. Segundo os estudos, quanto antes esses alimentos forem ofertados, menor o risco de alergias.

5) Criança pode consumir açúcar antes dos dois anos?

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Imagem: Getty Images

Não. Os órgãos de saúde contraindicam a oferta de qualquer tipo de açúcar (isso inclui mel, melado, açúcar de coco e mascavo) antes dos dois anos. A introdução precoce do açúcar aumenta a chance de seletividade alimentar, distúrbios alimentares, obesidade e outras doenças.

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Franciele também achou importante dividir cinco dicas práticas para os pais que estão se aventurando na introdução alimentar dos filhos:

  1. Não distraia o bebê para que ele coma. Usar recursos como telas e até brinquedos prejudica a percepção de saciedade;

  2. O bebê não precisa comer tudo se não quiser, é normal ele comer menos do que esperamos. Tenha paciência e ajuste as suas expectativas;

  3. Não deixe de oferecer nenhuma refeição por pensar que o bebê não comerá, o papel dos pais é promover o contato dele com a comida;

  4. Valorize o tocar, o esmagar e o provar o alimento, mesmo que seu (a) filho (a) ainda não coma de fato;

  5. Compartilhe refeições em família para que o bebê se sinta parte do grupo e tenha a quem imitar.

E se na hora da refeição o bebê começar a chorar, fazer careta, cospir a comida, lembre que a introdução alimentar é sobre aprendizado e leva tempo para o neném entender que a comida alimenta. Se ele chora com frequência durante a refeição, é sinal que algo preciso ser ajustado: os horários ou o próprio cadeirão para que ele se sinta mais confortável — além disso, ele pode estar com sono, com sede ou querendo mamar.

Seja paciente e gentil, nunca force o bebê a comer. Precisamos oferecer um mesmo alimento mais de 10 vezes e de diferentes formas (em pedaços, amassado, assado, refogado, cozinhado no vapor, quente, frio) antes de dizer que ele não gosta dele.Franciele Loss, que é criadora do @bebedenutri, perfil no Instagram que compartilha diariamente dicas de introdução alimentar

Segundo a nutricionista, muitos pais acreditam que a criança precisa comer muito ou raspar o prato para ficar saciada, mas a verdade é que não existe uma quantidade mínima que ela precisa ingerir.

Uma opção é começar com duas colheres de sopa no total dos cinco grupos alimentares e ir aumentando conforme aceitação do bebê. Os pais também podem oferecer alguns golinhos de água durante a refeição para ajudar nessa aceitação. Os principais sinais de saciedade são virar o rosto e fechar a boca. As refeições podem ser oferecidas a cada 2/3 horas.

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