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Produto erótico que deixa a mulher 'virgem de novo': funciona ou é mito?

A oferta de produtos que prometem deixar a vagina novinha em folha é grande Imagem: Getty Images

Colaboração com Universa

14/12/2024 19h00

Nas sex shops físicas ou on-line, a oferta de produtos que prometem deixar a vagina "novinha em folha", "como se nunca tivesse tido relação sexual", é farta. Só que esses géis adstringentes criados com a proposta de deixar a vagina mais "apertadinha" — é comum que a divulgação trate o efeito como "virgem de novo"— podem causar vários problemas se forem usados de maneira errada ou excessiva.

A composição varia de marca para marca, mas a planta medicinal hamamélis é um componente comum por causa da ação adstringente. Combinada a outros componentes, proporciona a impressão de que o canal vaginal fica mais estreito e enrijecido.

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O que quase ninguém conta é que os produtos adstringentes são capazes de remover a lubrificação vaginal, pois provocam o ressecamento da vagina, o que, durante a penetração, dá a sensação de um canal mais justo, fazendo essa simulação da "vagina virgem". Por isso, o homem precisa executar movimentos mais suaves na hora da penetração e ir aumentando a intensidade aos poucos, com muita paciência, como se fosse mesmo a primeira vez da mulher. Uma penetração feita de forma bruta pode acabar machucando a parceira.

Não há contraindicação, porém, mulheres que apresentam pouca lubrificação não devem usar, pois o adstringente resseca ainda mais a vagina.

O mito da vagina larga

Aqui, cabem algumas reflexões: por que há pessoas que ainda acham que a vagina "se alarga conforme o uso"? E, apesar de a comunicação desses produtos ser voltada para as mulheres, existe, de fato, a possibilidade de elas obterem prazer com eles?

O "retorno à virgindade" não passa de um grande mito. Após a perda da virgindade, a única mudança que acontece é íntima, pequena e fica bem escondidinha, que é o rompimento do hímen. Não há alargamento da vagina e esses produtos são mais indicados para o prazer, na maioria das vezes, masculino, pois a sensação de contração é prazerosa para eles.

Apelos à libido masculina à parte, é bom ressaltar que o uso frequente desses produtos também oferece perigos para os homens . Há um maior risco de trauma peniano, caso a vagina exerça uma resistência muito grande contra o pênis. A falta excessiva de lubrificação pode deixar o órgão mais vulnerável a traumas e microtraumas, condições que predispõem o desenvolvimento de fibroses no corpo peniano, com consequente aparecimento de curvaturas, afinamentos e até mesmo redução do tamanho do pênis.

A recomendação é que o casal aposte no bom senso para obter uma lubrificação ideal —nem excessiva, nem escassa— , pois a proposta do adstringente é causar prazer mútuo e não unilateral, oferecendo maior satisfação com segurança.

Fontes: Caroline Alexandra Pereira, ginecologista e obstetra; Cristina Carneiro, ginecologista e obstetra; e Paulo Egydio, urologista formado pelo HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) com especializações na Mayo Clinic e na Cleveland Clinic Foundations (EUA).

*Com matéria publicada em 01/10/2018

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