Neném pode dormir em cama compartilhada? Entenda as recomendações
Para além das discussões sobre o tema nas redes sociais, existe um consenso entre médicos e consultoras de sono sobre a cama compartilhada. "Todas as associações de pediatria mais importantes do mundo defendem que não é segura. E tem outros dispositivos, que colocam os bebês para dormir, que também não são. Tem um risco altíssimo de morte súbita de bebês saudáveis", diz a consultora do sono Talita Amaral, mãe do Léo, 10 meses.
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Estudo divulgado pela Academia Americana de Pediatria (AAP) confirma que 60% dos casos de morte súbita e inesperada em bebês (SUID - sigla em inglês) estão associados ao ato de compartilhar com eles não só camas, como cadeiras, sofás e poltronas.
Realizada por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos (EUA), a pesquisa analisou mais de sete mil casos de morte súbita entre 2011 e 2020. E um levantamento da ONG britânica Lullaby Trust, também focado na conscientização sobre o assunto, revelou: nove entre dez pais admitem dormir com seus bebês.
Para quem quer ou acha melhor dormir pertinho, existe o que é chamado de cama compartilhada segura. Seria encostar a cama do casal na parede ou colocar grades próprias, deixando o bebê dormir desse lado, para evitar quedas. A família também não pode dormir com cobertor, lençol, travesseiro. A mãe precisa dormir com o cabelo preso e tomar cuidado com o pijama que usa. Não é recomendado que fume ou beba antes de dormir, e pessoas obesas não devem aderir, mesmo com todos os cuidados.
"Tudo isso torna a prática mais segura, mas não exclui o risco. É a decisão de cada família, mas não se pode negar que existem recomendações, e elas são fortes, salienta a consultora, que lembra que a adesão à cama compartilhada costuma acontecer, em maior parte, pela exaustão da mãe, cuja privação de sono bate forte. O melhor e mais seguro, mesmo, é aderir àqueles berços que se acoplam à cama do casal, por exemplo.
E se você é daquelas que, devido ao cansaço, tira sonecas na poltrona de amamentação, lembre-se que também há riscos. "Muitas mães contam que o bebê caiu do colo, porque estavam cansadas", conta Talita. O melhor é entender que é difícil, mas possível, ensinar seu bebê a dormir. "É questão de organizar melhor o dia dele, só isso já vai favorecer uma condição de sono melhor. Não adianta escolher um método para ensiná-lo se o dia for uma zona", afirma Talita.
Acostumar o bebê a dormir sozinho em diferentes superfícies (berço, carrinho, cama...) contribui no processo de ajudá-lo a não despertar tanto à noite ou não precisar de ajuda para pegar no sono. Da mesma forma, a especialista explica que é essencial acostumá-lo à claridade e aos sons do dia, e ao escurinho e silêncio da noite. Isso o ajuda a regular seu relógio biológico.
Saiba que o bebê, não importa a idade, se baseia 100% no comportamento dos pais: é o que traz previsibilidade e segurança. "De dia, quando você brinca, interage, põe ele no tapetinho, leva para passear, ele entende que é o momento disso. À noite, quando tudo está escuro e você fala baixinho, entende que é hora de descansar. Se é um bebê que recebe pouco estímulo, vai dormir pouco, porque não gastou energia. Mas... percebe que eu não falei em nenhum momento de horário aqui?", reforça Talita.
Rotina não é estabelecer um horário para dormir, mas entender a necessidade de momentos específicos para cada atividade do pequeno. E, com bom senso e carinho, escolher o método que mais se adapta à realidade dele e da família. Cama compartilhada não é a única e nem mesmo a solução, e se for essa a escolha, é importante levar em conta toda a informação que chega através de especialistas e estudiosos.
O ideal para seu bebê é, no mínimo, de 10 horas e meia a 12 horas de sono noturno - mesmo que acordando para mamar. Por isso, é essencial encontrar o meio termo na batalha de fazê-lo dormir. Se optar por cama compartilhada, ajude-o a ter um sono seguro e de qualidade nela. Se for dormir no berço, encontre uma boa condição de sono para ele lá. "O importante é dormir, obviamente da maneira mais segura possível, com qualidade. Não adianta fazer qualquer coisa que não esteja funcionando, que esteja mais estressando o bebê do que ajudando", conclui Talita.
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