'Mãe', 'irmã', 'madrasta': por que estes termos são febre em sites pornô?

Termos que remetem a relações sexuais entre familiares e pessoas do convívio próximo são febre na indústria pornográfica. Para constatar, basta entrar em sites famosos como PornHub, XVideos e RedTube. Na pesquisa feita por Universa, somando a página inicial dos três sites, no mesmo dia encontramos quatro vídeos cujos títulos incluem variações do termo "mãe", quatro de "madrasta", um de "pai", um de "meia-irmã", um de "irmã postiça" e um de "prima".

Por que, afinal, os usuários têm buscado e consumido este tipo de conteúdo? O que explica o comportamento é o fetiche. Existem pessoas que sentem prazer em imaginar ou assistir vídeos nos quais os atores interpretam personagens da mesma família. Muito disso gira em torno de ser um tipo de relação proibida, fora dos padrões da sociedade.

Vale dizer que os homens são os mais propícios a desenvolver este tipo de fetiche. Principalmente aqueles de perfil recatado, mas que no fundo escondem um quê psicológico de perversidade.

O desejo fica só na tela?

Não é possível generalizar o comportamento de quem consome o conteúdo. Há quem veja uma vez, motivado pela curiosidade. Há quem faça disso um hábito, mas restrito ao ambiente digital. E existem pessoas que trazem o fetiche para a realidade e até tentam se aproximar de algum parente.

Mas a linha é tênue: mais do que um desejo estranho, quando o interesse sexual se volta para adolescentes ou crianças, se torna crime. É preciso lembrar: mais da metade das vítimas de abuso sexual no Brasil tem menos de 13 anos e os praticantes dos atos são, em sua maioria, pessoas de convívio próximo. Além disso, pesquisar por conteúdos eróticos envolvendo crianças é pedofilia.

Para uma visão mais ativista, quanto mais a indústria disponibiliza esse tipo de material, mais contribui para os crimes de abuso sexual infantil. Ainda que os atores estejam somente representando um vínculo como o de pai e filha, isso pode normalizar o ato e suavizar a gravidade de situações do tipo.

Como afeta a sexualidade?

Há o risco do excesso: a possibilidade de desenvolver um vício em pornografia. A prática de masturbação constante por meio dos vídeos pode afetar a capacidade de ter ereções e até as relações como um todo.

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É comum, por exemplo que a pessoa tente reproduzir em casa o que gosta de assistir nos vídeos, mas nem sempre o outro está disposto a aquilo. Muitos casais têm o vínculo prejudicado e até se separam por conta disso.

Vale lembrar que a pornografia também pode prejudicar quem é consumidor ativo, pois contribui para a ejaculação precoce e para a objetificação do corpo, dificultando o desenvolvimento do afeto durante as relações.

Fontes: Andréa Ladislau, psicanalista; Ellen Moraes Senra, psicóloga especialista em terapia comportamental; e Gislane Gomes, ativista contra a pornografia

*Com matéria publicada em 02/12/2019

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