Limites sexuais: como e por que é importante identificar os seus?
O autoconhecimento é um fator essencial para ter uma vida sexual plena, saudável e, claro, permeada por momentos de prazer. Para desfrutar de tudo isso, mais importante do que entender como o seu corpo funciona (em cada detalhezinho da anatomia) é saber até que ponto está disposta ou não a tudo o que envolve o sexo com alguém. Isso inclui desde topar uma transa casual na balada até aceitar certos fetiches, práticas e fantasias.
Descobrir os próprios limites sexuais é fundamental para respeitar seus sentimentos e sensações. Mas como uma pessoa pode identificar esses limites? A melhor resposta sempre será experimentando. É preciso, antes de mais nada, considerar a questão da expectativa x realidade, já é comum que as pessoas entrem em contato com práticas, fetiches e fantasias por outras fontes que não realistas - material pornográfico, por exemplo - e passem a imaginar que aquelas situações seriam boas e prazerosas.
Não é à toa que a fantasia do ménage é uma das mais populares e, ao mesmo tempo, quando se torna realidade, uma das mais frustrantes. As fontes externas romantizam práticas e pulam etapas essenciais, desde como conhecer pessoas para exercer essas atividades até como abordar o assunto com o par e, o mais importante, o estabelecimento de acordos sobre como essas fantasias, fetiches e práticas irão ocorrer.
Experimentar, analisar desconfortos e comunicar
As parcerias e as experiências em si vão ser grandes fatores no entendimento do que você gosta, ou não, e do que você quer repetir, ou não. Às vezes, numa primeira tentativa você não vai gostar, mas com o tempo e com outras parcerias, você pode mudar de ideia.
As características do sexo e da sexualidade mudam o tempo todo. Nesse quesito, o autoconhecimento é, de fato, indispensável e não se refere apenas à masturbação. Passa por se sentir à vontade consigo, colocar limites, expressar desejos ou desconfortos, não entrar numa prática simplesmente para agradar ou porque tem dificuldades em expressar suas necessidades e dizer 'não'.
Diálogo e consentimento formam a base do ato de estabelecer limites no sexo. A insistência do outro em fazer algo que a pessoa não deseja ou não está pronta para praticar é abuso sexual. Se a pessoa se sentir ameaçada, desconfortável e ficar na dúvida sobre alguma situação, é melhor respeitar estas sensações. Aquela máxima cabe muito bem nestas situações: o combinado não sai caro.
Tabus e crenças
O limite pode estar relacionado, também, a tabus e crenças pessoais e, ainda assim, é importante não ultrapassar estes limites. É necessário compreender que não vale tudo no sexo, principalmente, o que para a pessoa não tem nada a ver com prazer, é violento em sua percepção e/ou quando ela não se sente respeitada.
Cada um possui um tempo e ritmos diferentes e o amadurecimento emocional favorece a romper com algumas resistências. Tudo bem não querer fazer tudo no sexo.
Fontes: Breno Rosostolato, psicólogo, educador sexual e cofundador do projeto para casais LovePlan; Caroline Busarello Brüning, psicóloga e terapeuta sexual da plataforma Sexo sem Dúvida; e Eduardo Perin, psiquiatra especialista em sexualidade pelo Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex)
*Com matéria publicada em 26/03/2022
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