'Fugi por meses para escapar de um stalker', diz brasileira na Itália

A ativista Vanessa Lapolli, 42, mora na Itália com seu filho, onde faz trabalhos para ajudar a acabar com a violência contra as mulheres. O que ela nunca imaginou é que entraria para estatística. Em 2022, foi vítima de um stalker e fugiu do país quando sentiu que sua vida estava em risco.

"Éramos colegas de trabalho e ele estava sempre presente nos eventos que eu organizava. Nunca tivemos nenhuma relação amorosa. No dia a dia, esse homem começou a desabafar comigo sobre os problemas de sua vida e com sua esposa", conta Lapolli com exclusividade para Universa.

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Segundo Vanessa, passado um tempo dessa relação de amizade, esse colega de trabalho se declarou. "Ele disse que tinha sentimentos por mim, mas expliquei que do meu lado tudo não passava de uma simples amizade", conta. O homem não aceitou a negativa e afirmou veementemente que ela seria dele.

Foi aí que começou meu calvário, diz Vanessa.

Fora do controle

Após a negativa, as atitudes do colega de trabalho de Vanessa começaram a escalonar. "Ele mandava mensagens todas as horas do dia e da noite, me ligava bêbado de madrugada", conta. E por ter um cargo mais alto que ela na empresa em que trabalhavam, a brasileira tinha medo do que isso poderia significar para a sua reputação e carreira.

Se eu não respondia, ela me mandava áudios dizendo que eu era mal-educada, gritando. Ele ia à porta da minha casa, ficava mandando fotos para mostrar onde estava e me ameaçava de morte, conta Vanessa

As ameaças nunca eram registradas em mensagens. Aconteciam apenas de forma presencial e verbal.

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"Às vezes, ele me ligava da porta da minha casa dizendo que se eu não fosse atendê-lo, algo de muito ruim iria acontecer. Eu ia, tinha medo pelo meu filho. Ele era muito agressivo. Falava que se eu não ficasse com ele, me mataria", conta.

No ambiente de trabalho, Vanessa começou a perceber que ele a sabotava. Uma amiga chegou a vê-lo a segurando com força e disse que o denunciaria se ele não parasse de perturbá-la. Mas nada adiantava.

Parei de comparecer aos meus próprios eventos. Algumas pessoas que eu acreditava que eram minhas amigas ficaram do lado dele. Cheguei a parar no hospital porque tinha ataques de pânico em pensar que ele poderia estar por perto, conta Vanessa

Ela chegou a procurar a polícia, mas não ficou confortável em fazer uma denúncia. Tinham apenas policiais homens presentes e não há no país um departamento especial para atender casos contra mulheres.

Fugindo do país

Vanessa fez uma denúncia dentro da empresa e o stalker descobriu. Com medo, ela fugiu do país. "Foram dois meses de medo. Saí da minha cidade na Itália, tirei meu filho da escola e fugimos para Londres. A quantidade de mensagens com ameaça e as aparições dele na porta da minha casa tinham aumentado. Eu não via outra solução", conta.

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Segundo ela, se não tivesse ido embora da Itália quando foi, teria se tornado mais uma vítima de feminicídio. Ela sofre até hoje com ataques de pânico e a sensação de que está sendo perseguida na rua.

Muito emocionada durante nossa conversa, ela não consegue entrar em detalhes, mas após quatro meses no Reino Unido, pode retornar para a Itália em segurança. O caso tinha chegado ao fim.

Sofro com as cicatrizes. Estou sempre preocupada, me tornei uma mãe muito apreensiva. Meu conselho é não desistir e denunciar. Não deixe que o medo tome conta. Eu demorei, porque o medo nos cala, mas não podemos desistir dos nossos direitos, conclui.

Alerta para mais mulheres

Ela não é a única a viver cenas de terror fora do Brasil. Um levantamento feito pelo Mapa Nacional da Violência de Gênero, projeto viabilizado pelo Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV), pelo Instituto Natura, e pela Gênero e Número, mostrou que mais de 1500 mulheres que moram fora do país sofreram violência de gênero em 2023.

A Itália, onde Vanessa mora, lidera a lista. Naquele ano, o país registrou 350 denúncias de violência de gênero no consulado. O ranking segue com os Estados Unidos, com 240 casos, Reino Unido, com 188, Portugal, com 127 e Espanha, com 94.

27 comentários

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Victor Gomes

A história é realmente terrível. Mas o texto Está muito mal escrito! Fala que o cara mandava áudios xingando a moça e no mesmo parágrafo diz que as ameaças nunca eram registradas em mensagens. Diz que o caso deixou a moça super abalada, mas wye agora ela pode voltar pra casa porque tudo se resolveu em 4 meses. Mas não diz como! A pessoa que escreveu precisa voltar para a faculdade de jornalismo, se é que alguma vez frequentou uma.

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Renato Mineiro Drummond

A matéria deveria ter passado por uma revisão. Como dizer que o cara mandava mensagens dia e noite para ela e no parágrafo seguinte afirmar que nunca foram mandadas mensagens? E "escalonar" tem um sentido diferente do que está no texto.

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Andrea Lima

Gente, quem escreve esses textos? Não passa por uma revisão, não tem um editor? Pelamordedeus, o Jornalismo morreu e ninguém parece se preocupar.

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