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Stalker confessou matar Vitória; identifique sinais de que alguém te segue

Vitória Regina de Sousa, 17, adolescente encontrada morta em Cajamar (SP) - Reprodução/Instagram Vitória Regina de Sousa, 17, adolescente encontrada morta em Cajamar (SP) - Reprodução/Instagram
Vitória Regina de Sousa, 17, adolescente encontrada morta em Cajamar (SP) Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para Universa

19/03/2025 05h30

A adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, foi assassinada por seu stalker, Maicol Antonio Sales dos Santos, de 23 anos, confirmou em coletiva hoje o delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo).

Segundo o delegado, Maicol "era obcecado" por Vitória e confessou ter matado a jovem.

O que é um stalker?

Palavra surgiu do verbo inglês "to stalk", cujo significado literal é "atacar à espreita". O stalker é um perseguidor e, por isso, o stalking também é conhecido como síndrome do molestador.

Desde 1990, o stalking é considerado crime nos EUA; no Brasil, pode render pena de prisão de até três anos desde 2021.

Previsto no artigo 147-A do Código Penal, o crime é definido como perseguição reiterada que ameaça a integridade da vítima ou invade sua privacidade e liberdade. A mera curiosidade de olhar, de vez em quando, as redes de alguém não é crime; para isso a prática precisa ser consistente.

Quais são os sinais de que sou vítima de stalking?

Stalking pode acontecer de diversas formas: envio repetitivo de mensagens, presentes e ligações, criação de perfis falsos para vigiar a vítima, monitoramento de rotinas e até perseguição presencial. Por exemplo, você pode se sentir ameaçada e ser obrigada a mudar seu caminho no dia a dia para evitar o perseguidor. A restrição da liberdade de ir e vir da vítima também ajuda a configurar o stalking.

O caráter mais importante da perseguição é a prática reiterada e obsessiva. Por exemplo: uma mulher recebe flores de um ex-namorado diversas vezes, sente-se incomodada e diz a ele que não gostaria mais de receber esse tipo de presente. O envio de flores, por si só, não é um crime. Mas o envio reiterado que gera medo, angústia, a sensação de estar sendo vigiada e de não ter intimidade respeitada pode se enquadrar no delito.

Stalking causa danos psicológicos. Diante da perseguição, assédio ou vigilância indesejada, a vítima pode ter danos emocionais e psicológicos, como ansiedade, depressão e trauma. Apresentar à Justiça os prejuízos do comportamento repetido do agressor pode ajudar as autoridades a reconhecerem o problema e garantirem proteção legal à vítima.

Os tipos de stalker

Embora não exista um perfil psicológico pré-definido para o stalker, pesquisadores identificaram cinco padrões comportamentais diferentes. Os rejeitados (típico amante abandonado) são a categoria mais comum.

  • O carente: movido pela procura de uma relação, a vítima é tida como a pessoa ideal para resolver sua própria falta de afeto. Pode apresentar o "delírio erótico dos maníacos": o stalker interpreta as respostas da vítima como se ela tivesse que lutar contra o desejo de estar com ele.
  • O rejeitado: geralmente é um(a) ex que quer voltar ou se vingar. Este agressor oscila entre esses dois desejos, e isso pode durar, porque a perda é intolerável para a pessoa. É o modelo de apego típico dos inseguros, para quem a ausência do outro representa uma ameaça.
  • O cortejador incompetente: seu comportamento é alimentado pela pouca capacidade de se relacionar, o que se manifesta através de atitudes opressivas. Quando não alcança seus objetivos, torna-se agressivo. É menos resistente, mas tende a mudar seu alvo e repetir as mesmas ações.
  • O predador: ambiciona ter relações sexuais com uma vítima que pode ser seguida e espionada. O medo excita esse tipo de stalker, que se sente poderoso organizando suas estratégias. Crianças também podem ser vítimas desse tipo.
  • O ressentido ou invejoso: movido pelo desejo de vingança pelos danos causados pela perda de algo que julgava ser de seu direito; em geral, há escassa noção de realidade e o ressentimento, para ele, justifica todas as suas atitudes.

Sou vítima de stalking; o que faço?

Especialistas recomendam reduzir a exposição nas redes sociais e não interagir com o perseguidor. Também não divulgue informações pessoais e não comente sobre sua rotina com desconhecidos.

Ao sentir-se em perigo, ligue imediatamente para a polícia.

Ao atender o telefone, não responda perguntas sobre si mesmo, se não conhece quem está do outro lado.

É fundamental reunir provas como mensagens, e-mails e vídeos. Mantenha um histórico detalhado dos contatos do stalker. Prints nem sempre são aceitos como prova judicial, então é essencial manter registros originais das interações.

Registre um boletim de ocorrência e peça medidas protetivas. Se a situação se agravar, a polícia pode decretar prisão preventiva para evitar que o crime continue.

Busque ajuda psicológica. O medo e a angústia constante no dia a dia podem levar ao desenvolvimento de quadros de depressão e transtorno de estresse pós-traumático às vítimas. É essencial, por isso, o acompanhamento psicológico.

*Com informações de matérias publicadas em 11/12/2021, 29/04/2024 e 05/02/2025.


Violência contra a mulher