Caio Braz teve medo no início da vida sexual: 'Repressão de todos os lados'
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O que deveria ser um momento de autoconhecimento e descobertas, a iniciação sexual do produtor de conteúdo Caio Braz veio rodeada de medos. "Eu sempre tive muito medo do outro, do outro corpo", contou o apresentador no "Maria vai com os Outros". E esse outro alguém era um homem.
O preconceito e o reforço negativo do que era uma relação homossexual impedia Caio de conhecer seu corpo em experiências sexuais e viver seus desejos como um homem gay.
É muita repressão sexual por todos os lados. Quem consegue se libertar para realmente experimentar, se dá ao luxo de experimentar mais. Óbvio, com toda consciência, mas exercer desejo. Caio Braz
Aos 38 anos, Caio Braz acredita que o aumento das discussões sobre direitos LGBTQIA + e novas formas de prevenção a infecções sexualmente transmissíveis mudaram para outras gerações esse começo de vida sexual que flertava com o trauma. "Hoje em dia eu acho que existe uma liberdade foda dentro do mundo gay".
Recifense, Caio Braz lembra revolta por falta de oportunidades no nordeste
Ser pernambucano faz parte da identidade e do olhar sobre o mundo que o produtor de conteúdo Caio Braz leva para a sua vida e para os conteúdos que publica nas redes sociais.
Sua carreira cresceu há 15 anos, fora da sua terra natal - o Recife - apresentando programas na TV Brasil e no canal GNT, quando as oportunidades de trabalho nacional eram ainda mais distantes para os nordestinos.
Quem é de pequenas metrópoles, sempre tem essa conversa sobre o eixo Rio-São Paulo. Existe um letramento de que as pessoas que não estão no eixo Rio-São Paulo, que não estão nessas famílias, precisam ter um pouco mais dificuldade de abrir as portas de qualquer carreira. Caio Braz
Essa bagagem fez Caio entender o processo de quem se sente excluído dos centros econômicos do país. "O primeiro estágio é de revolta. É como se você não tivesse comendo o filé, é como se você estivesse comendo uma carne de terceira".
Da indignação, o apresentador percebe que o próximo passo é a negação da origem. "Uma coisa tipo? não aguento mais Recife, não aguento ir para lá, é tudo muito atrasada, agora moro em São Paulo".
E existe a reviravolta de quem alcança novos lugares e quer devolver. O reconhecimento de que o seu lugar nordestino tem valor e que suas conquistas podem contribuir com a sua região de origem.
Fortalecer para todo mundo. Se você conseguiu fazer uma trajetória onde 15 anos atrás era mais difícil e você ainda está aqui hoje, você pode ampliar isso para outras pessoas. Acho isso uma missão incrível.Caio Braz
Mais do que devolver, ele acredita em uma mudança de imagem sobre quem é o nordestino. "Ser recifense é massa, muita gente só não sabia disso, a gente precisa espalhar essa palavra. Ser nordestino é massa, ser nortista é massa".
Caio Braz diz como subvertia homofobia na infância: 'Botava pra f*oder'
A referência de infância para Caio Braz tem a imagem de um menino nerd, estudioso e que brincava muito no Recife. Essa lembrança muda quando o assunto é a adolescência.
Enquanto os outros se incomodavam com seus gestos considerados afeminados, e faziam ofensas homofóbicas, mesmo jovem, ele dobrava a aposta para enfrentar seus agressores.
Quando fiquei adolescente sofria, pois os trejeitos de viado incomodavam as outras pessoas. Mas também eu fazia muito. Eu botava para f*der. Era uma maneira meio de me defender.Caio Braz
Caio não se interessava pelo o que os outros menos gostavam. Seus olhos brilhavam por Madonna. No seu contra-ataque para parecer mais afeminado quando o seu jeito incomodava, ele analisa que reproduzia o comportamento dos seus agressores. "Às vezes tem essa pedagogia.. o oprimido se transforma no opressor.
Maria vai com os Outros no UOL
Novos episódios da terceira temporada de "Maria Vai com os Outros" estreiam às sextas no Youtube de Universa. Na TV, os episódios inéditos são exibidos também às sextas, às 20h30.
7 comentários
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Marcos Pacifico da Silva
Estes tipos de reportagens alguém paga pra publicar né??
Fernando Antonio Lara Pereira
Lacradores. pessoas rasas que se acham profundas e afins, só esse povo vai conversar com essa mina...se bem que é coerente com a "trajetória" dela
Cristina Pereira Campos
Adoreia o papo!