'Deus criou o clitóris': sexólogas cristãs querem levar fiéis ao clímax
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Noventa por cento das mulheres que chegam ao consultório da sexóloga evangélica Rafaella Santos têm problemas para gozar durante a relação sexual com o marido. "A primeira coisa que faço é tentar desconstruir o pensamento de que porque ela é crente ela não pode sentir prazer", conta a terapeuta goiana de 40 anos, frequentadora da igreja Assembleia de Deus.
Ela começou a estudar o tema porque não tinha uma boa vida sexual com o parceiro, diz. "Quando me dei conta de que o prazer também foi criado por Deus, decidi que tinha de fazer minha cama tremer. Parei de fingir orgasmos, abri o jogo com meu marido e passamos a reconstruir o prazer juntos."
Foi a partir daí que Rafaella começou a se especializar na área. Hoje ela atua como sexóloga e já chegou até a criar um curso de exercícios íntimos (pompoarismo) para a mulher cristã. "Digo que sou casada e feliz há 15 anos; agora, casada, feliz e com prazer há seis", compartilha.
Rafaella não é a única cristã que atua como sexóloga e tenta desconstruir estereótipos religiosos acerca do tema. Assim como ela, outras profissionais também defendem que, sim, o prazer é um presente divino —e mais mulheres deviam se aproveitar dele, desde que algumas normas sejam seguidas.
Usar vibrador é pecado?

Uma das perguntas mais constantes que a sexóloga paraense e sexóloga e fisioterapeuta pélvica Eidiomara Carvalho, de 42 anos, recebe de suas pacientes é quanto ao uso do vibrador. "Elas têm dúvidas se é pecado, ou não, usar sex toys", explica Eidiomara.
Este é um ponto de divergência entre os profissionais. Para algumas sexólogas cristãs, se o brinquedinho for usado com o marido, não tem problema; para outras, sim, o aparelho é problemático porque pode condicionar a mulher a sentir um tipo específico de prazer —o que a impediria de chegar ao orgasmo com o companheiro.
O que é unânime entre todas as sexólogas cristãs é que o prazer não pode ser sentido de forma individual —ou, como elas falam, "de uma forma egoísta". "Quando a pessoa se masturba, ela está canalizando seus desejos para si. O que nós, cristãos, acreditamos é que o sexo foi criado para celebrar a bênção do casamento", diz Eidiomara.
Rafaella Santos também é contra o uso de vibradores. "Se a mulher não tem prazer com o marido dela, ela não precisa introduzir um sex toy no canal vaginal, ela precisa ensinar o marido a fazê-la gozar", argumenta a sexóloga goiana. "Por isso é importante que a fiel se conheça, a autonomia sexual dela é importante para uma sexualidade saudável."
Autoconhecimento sim, masturbação não

Apesar de defender a importância da autonomia sexual, Rafaella é contra a masturbação. "Hoje em dia a ideia de que a masturbação promove o autoconhecimento está sendo amplamente difundida, mas eu não acredito nisso. Acho que, sim, a mulher precisa pegar um espelho para se conhecer, mas sem se tocar —o toque só pode acontecer com a mão do marido."
Com a intenção de aumentar o prazer sexual sem, para isso, usar brinquedos eróticos, masturbação, pornografia ou fantasia erótica, Rafaella apostou na criação de um curso de exercícios íntimos. "Meu marido tinha ejaculação precoce, foi só com a realização desses exercícios que ele melhorou", avalia.
Toda mulher precisa fazer exercício íntimo —tanto as casadas quantos as solteiras. Melhora 80% a resposta sexual
Rafaella Santos
Diversas questões polêmicas surgem entre casais evangélicos, entre elas frequentar motéis, praticar sexo anal ou ter fantasias sexuais. Porém, as especialistas encontraram uma saída para que um casal evangélico possa ter seus sonhos eróticos sem considerar isso um pecado. Neste caso, usam como referência bíblica o Cânticos dos Cânticos.
'Carícias' orais estão na Bíblia
As sexólogas cristãs defendem que o prazer está na Bíblia. "Deus fala sobre sexo oral, ou melhor — carícias orais —, no Livro de Cantares. Assim como ele criou nossa mão e nosso cérebro, ele também criou o clitóris, órgão feminino com a única função de proporcionar prazer. Nosso corpo é todo erógeno", opina a terapeuta pélvica Eidiomara Carvalho.
Ainda hoje muitos casais evangélicos enxergam o sexo apenas com o intuito de reprodução, mas, segundo elas, o prazer foi feito por Deus para ser pensado, sentido e vivido.
Infelizmente muitas ainda estão acostumadas a serem submissas e esquecem de olhar para seu próprio prazer, uma realidade que ambas defendem que deve mudar.
*Com matéria publicada em 2/12/2021
14 comentários
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Maria Izabel de Souza e Silva
Resumindo:sexo é bom, todos fazem * muito chato esse lance de misturar religião em tudo com tudo...tanta coisa acontecendo no universo e o povo preso em coisas do tipo é pecado...
Celso Fernandes Araujo
Religiões: milênios de opressão.
Ana Paula Medvedeva de Alcantara
Nuossa...demonizar a masturbação feminina é vitória do patriarcado! Estava achando a matéria libertadora até este castrador comentário. Compartilho não.