Mulher que denunciou assédio em ônibus tem dados expostos por empresa

Após denunciar um caso de assédio sexual sofrido em uma viagem de ônibus entre São Paulo e Rio, a estudante de psicologia Raquel Possu, 25, teve seus dados pessoais expostos pela empresa Nova Itapemirim nas redes sociais.

Dados expostos

Raquel Possu relatou o assédio sofrido no ônibus e, em resposta, a empresa Nova Itapemirim publicou uma nota de repúdio com os dados da vítima. Na publicação da empresa no Instagram, foram divulgadas imagens do boletim de ocorrência feito por Raquel.

Os dados de Raquel, como número de documento, telefone celular e até endereço, não foram protegidos. Já os dados do homem acusado de assédio foram borrados na publicação. A página ainda marcou a conta de Raquel no Instagram.

Raquel comentou no post pedindo que as pessoas denunciassem. "Como meus dados foram divulgados no post e, até o momento, mesmo com pedido de exclusão, a empresa ainda não o fez, peço para denunciarem a publicação", escreveu. As imagens seguem no ar quatro dias após a publicação. A Universa, a Nova Itapemirim disse que Raquel atacou a imagem da empresa (leia a nota abaixo).

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O assédio no ônibus

Raquel conta que um homem que viajava ao seu lado no ônibus estava com o pênis de fora. Ela disse que caiu no sono durante a viagem e, quando acordou, o homem estava com a mão em sua perna e com o órgão genital exposto.

Ela afirma que pediu ajuda ao motorista e à Polícia Rodoviária. Raquel afirma que não houve acolhimento e que o motorista agia como se quisesse se livrar do problema. Ele sugeriu primeiro que ela mudasse de lugar e depois perguntou se ela queria fazer uma denúncia. Sugeriu que a modelo procurasse os policiais que estavam na parada que o ônibus fez na estrada.

Os policiais não entraram no veículo, conta Raquel. Segundo o motorista explicou, eles foram atender a uma ocorrência de emergência. Desesperada, ela pediu para um amigo encontrá-la com a polícia na rodoviária do Rio de Janeiro. Lá, os policiais conduziram o homem acusado de assédio para a delegacia. Raquel também foi ao DP, na companhia de um amigo.

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Ela afirma que, na delegacia, quiseram que ela desse o depoimento na frente do agressor. "Assim que cheguei, estavam a delegada, o assediador e os três policiais. Ali já me falaram para começar o depoimento, de frente para o assediador e, só depois de ele me interromper, notaram o absurdo que era me expor a mais essa situação. (...) Dei meu depoimento. Mas não deu em nada. Terminei o boletim de ocorrência, voltei com o papel para casa e o assediador saiu pela porta da frente", disse em um vídeo nas redes sociais.

Não consigo dizer qual foi a maior violência, se foi o assédio que passei no ônibus ou se foram as negligências. Não esperava que numa situação onde tinham câmeras, outras pessoas, policiais, motorista, onde busquei ajuda, o criminoso estava ali, eu não ter nenhum amparo. Nenhuma mulher deveria ser tão forte para passar por isso sozinha, porque tem um protocolo a ser seguido, tem leis que deveriam nos proteger.

Recebi comentários de mulheres falando que passaram por algo assim e não tiveram reação, que preferiram fingir que nada tinha acontecido. Mas, quando a gente denuncia, está protegendo outras mulheres. Me sinto menos sozinha depois de compartilhar minha história. Desejo muita força e coragem para mulheres que venham a passar por algo semelhante.

Veja a nota da Nova Itapemirim

"A empresa iniciou uma rigorosa apuração através do nosso comitê de crise em que foram analisandos mais de seis horas de imagens sem identificar qualquer irregularidade.

Em todo o material comprobatório que inclui as gravações, não se constatou sequer aparente ato de importunação, e todos os materiais foram disponibilizados as autoridades competentes e isso está claro e evidente nos materiais disponibilizados a justiça, que com recursos periciais farão as devidas constatações.

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Como o suposto caso envolvia dois clientes, sendo a primeira reclamante e o segundo o suposto denunciado, é inerente toda e qualquer verificação ser minuciosamente analisado para que a Nova Itapemirim não seja conivente, mas que também não seja infratora e venha causar mal à índole, humanidade e bem-estar de nenhum de seus clientes, pois não cabe a nós esse poder.

A empresa reafirma que preza pelo acolhimento e dignidade de cada passageiro, e seguirá colaborando para o total esclarecimento do caso, mas com responsabilidade.

A Sra. Raquel Possu, recebeu toda assistência necessária e cabível desde o momento da interação com nosso motorista, que ocorreu somente após o onibus encostar na parada Graal Alemão em Queluz (SP), onde prontamente ela foi conduzida e se pôs a falar com os policiais da PRF ali presentes.

Como a Sra Raquel, questionada pelas autoridades não soube identificar quem seria o cliente, retornou ao seu local, na sequência todos os clientes subiram, inclusive o Sr Jeferson, o ônibus já com todas as luzes acesa do salão, iniciou-se a contagem dos clientes e logo o motorista sinalou discretamente a Sra Raquel para não constranger a ambos os clientes, e a realocou na poltrona 49 no piso inferior no serviço Leito Cama, onde seguiu em segurança até a cidade de destino.

Ao chegar no Rio de Janeiro, como a viatura da Polícia Civil já estava presente na plataforma, todos desceram, e a Sra Raquel Possu perguntou ao motorista se ele saberia dizer quem era o passageiro que havia sentado ao lado dela. O Motorista sinalizou e os policiais o abordaram e foram todos conduzidos a 4° Delegacia do Rio de Janeiro, onde inclusive todos os materiais
comprobatórios físicos, analíticos, e vídeos ja foram entregues e protocolados a Comissária de Polícia Civil - desde então.

Importante frisar que, toda atitude suspeita, é sim tratada com seriedade e treinamento pelos nossos motoristas de forma rigorosa, onde o equilíbrio e a análise do ambiente também é parte do treinamento, pois uma atitude mal pensada poderia levar a algo mais gravoso e de agressão sem ser de fato dado causa ou responsabilidade. Por isso não é simplesmente "chamar polícia, alegar assédio, prender, punir, e a razão estar somente em quem faz a denúncia".

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No ônibus havia 27 clientes e em sua maioria mulheres. O Cuidado e responsabilidade se estende sempre a todos. O Sr Jeferson, inserido neste cenário, se dispôs imediatamente a autoridade policial de forma colaborativa, para que pudesse ser elucidado qualquer ruído de comunicação. Cabe ressaltar, que o mesmo, sendo homossexual, conforme alegado em seu depoimento, e comprovado no contexto da análise das imagens, estava em posição desconfortável em sua poltrona, demonstrando sonolência, ao prostrar-se em posição contrária à Sra Raquel, impossibilitando qualquer chance de interação.

Ainda assim, a Sra Raquel não parou de atacar a imagem e a empresa ITAPEMIRIM nas redes sociais como Instagram, TikTok, Imprensa e tudo que ela destina seu tempo, fazendo uma corrente orquestrada onde os seus seguidores vem de maneira frenética e demasiada espalhando discurso de ódio, com ameaças de incendiarem ônibus da ITAPEMIRIM, de que não somos uma empresa segura para viajar, entre tantos outros absurdos, além dos vídeos produzidos pela equipe de marketing da mesma ser de boa qualidade e com edições a nível profissional.

É DE SE PENSAR, QUAL OBJETIVO DE ATACAR UMA EMPRESA E NÃO SEU SUPOSTO "ASSEDIADOR" se ela teria todos os dados, e um advogado constituído para tal? Não cabe a ITAPEMIRIM entrar em nenhuma esfera que não seja a que ela sempre teve, treinar, capacitar, e promover viagens com segurança, pois nosso compromisso é com a verdade e a integridade de nossos clientes desde o primeiro até os mais de 2 milhões ja transportados.

Por fim, empresa zela por todos os seus passageiros, colaboradores e sua missão com a sociedade, atenta de forma justa, imparcial, e com amplo compromisso com a verdade".

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