Dior leva sua coleção à passarela de Paris sem John Galliano
Por Astrid Wendlandt
PARIS (Reuters) - A Christian Dior vai tornar-se nesta sexta-feira a maior grife de moda da história recente a apresentar uma coleção nas passarelas da Semana de Moda de Paris sem um estilista astro a ser aplaudido no final.
A Dior, que é a unidade mais valiosa do maior grupo de luxo do mundo, o LVMH, demitiu seu estilista chefe, John Galliano, três dias atrás por declarações antissemitas dele gravadas em vídeo, nas quais expressou admiração por Adolf Hitler.
O cancelamento do desfile teria significado a perda de uma coleção inteira, na qual a empresa investiu muito, além da perda de uma temporada inteira de encomendas de compradores enviados a Paris por lojas varejistas de todo o mundo.
Embora a Dior tenha agido prontamente ao demitir Galliano, que passou 15 anos à frente de uma das grifes de moda mais famosas do mundo, especialistas do setor não prevêem que a maison de alta-costura anuncie nesta sexta o nome de quem vai substituir o estilista britânico.
Entre os nomes possíveis aventados para tomar o lugar de Galliano está o de Riccardo Tisci, estilista da Givenchy, que também faz parte do grupo LVMH.
Fashionistas disseram que vão prestar atenção para ver se o desfile terá a presença do grupo usual de celebridades, como a atriz francesa Marion Cotillard, que tem sido o rosto da Dior, ou o presidente do LVMH, Bernard Arnault.
Este, o fundador do LVMH, normalmente assiste aos desfiles da Dior.
O desfile da grife própria de John Galliano, marcado para a tarde de domingo no jardim do museu Rodin, também será realizado conforme o previsto, mas foi reduzido para uma apresentação, disse um porta-voz.
Não está claro o que acontecerá com a grife John Galliano, já que ela não conseguirá sobreviver sem o apoio financeiro da Dior. A Dior é dona de 92 por cento da grife, cujos produtos são vendidos principalmente em lojas de departamentos e lojas de multimarcas.
A grife só possui uma butique operada diretamente por ela, em Paris.
Esta semana alguns editores e compradores de moda anunciaram que pretendem boicotar o desfile da grife John Galliano.
Galliano enfrenta a possibilidade de ir a julgamento, acusado de fazer declarações racistas em público na semana passada e em outubro. Ele pediu desculpas e deixou Paris.
"Ele não está mais em Paris e está sendo cuidado", disse na sexta um porta-voz da grife John Galliano.
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