"Epidemia de cesarianas" na América Latina preocupa ginecologistas
Na véspera da abertura do 22° Congresso Mundial de Ginecologia e Obstetrícia, neste domingo (14) no Rio de Janeiro, a revista científica britânica The Lancet publica nesta sexta-feira (12) um estudo de ginecologistas preocupados com o que chamam de “epidemia de cesarianas no mundo”.
Os dados foram coletados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Unicef.
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O levantamento realizado em 169 países mostra que o número de nascimentos por cesárea quase dobrou em 15 anos, passando de 16 milhões de operações no ano 2000 para 29 milhões e 700 mil em 2015.
Em 60% dos países pesquisados, o número de cesarianas ultrapassou amplamente a média de 10% a 15% de operações necessárias por razões médicas. Uma análise mais detalhada mostrou uma relação entre renda, escolaridade e a opção pelo método cirúrgico.
No Brasil, vice-campeão do mundo em cesarianas, 54,4% das operações envolveram mulheres com elevado nível de escolaridade, contra 19,4% de mulheres com menos estudos. Outros países com altas taxas de cesarianas (mais de 40%) são República Dominicana, Egito, Turquia, Venezuela, Chile, Colômbia e Irã.
Contrastes pelo mundo
Os dados impressionam se comparados com os da África Subsaariana (4,1% dos partos por cesariana em 2015). Na América Latina e nas Caraíbas, o índice é de 44,3%. A Ásia teve um aumento de 6% por ano, subindo de 7,2% a 18,1 entre 2000 e 2015.
Na América do Norte (32% em 2015) e na Europa ocidental (26%), o aumento foi de 2% por ano. Na França, a taxa permanece a mesma desde 2010: 20,4%.
Na avaliação da coordenadora da pesquisa, Marleen Temmermann, professora nas universidades Aga Khan, no Quênia, e de Ghent, na Bélgica, "o forte aumento de cesarianas sem razões médicas entre mulheres de maior poder aquisitivo traz riscos para as mães e para as crianças".
Uma das vantagens do parto normal apontadas pelos ginecologistas é a transferência natural de bactérias da mãe para o bebê durante o parto normal, fundamentais para o fortalecimento do sistema imunológico dos recém-nascidos.
O Congresso Mundial de Ginecologia e Obstetrícia reunido no Brasil vai discutir algumas hipóteses para essa "epidemia" de cesárias.
Entre elas, uma menor competência dos médicos para acompanhar um parto potencialmente difícil por via natural, o conforto da programação de nascimentos de dia e o lucro dos hospitais em caso de cesariana.
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