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Pivô do cancelamento do Nobel de Literatura 2018 é condenado por estupro

Jonathan Nackstrand/AFP
Imagem: Jonathan Nackstrand/AFP

Da RFI

03/12/2018 17h01

O francês no centro de um escândalo que levou ao cancelamento do Prêmio Nobel de Literatura deste ano foi condenado nesta segunda-feira (3) por estupro e ficará preso por dois anos e meio. O caso foi um dos primeiros grandes julgamentos do movimento #MeToo e deixou a venerável Academia Sueca, que concede o prêmio, em frangalhos.

O francês no centro de um escândalo que levou ao cancelamento do Prêmio Nobel de Literatura deste ano foi condenado nesta segunda-feira (3) por estupro e ficará preso por dois anos e meio.

Outrora uma figura influente na cena cultural de Estocolmo, Jean-Claude Arnault, de 72 anos, foi condenado por um tribunal de apelações de Estocolmo por estuprar uma jovem mulher em outubro de 2011 e novamente em dezembro do mesmo ano. Ele se declarou inocente das acusações, insistindo que o sexo era consensual.

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Um tribunal distrital de Estocolmo julgou-o culpado em outubro pela primeira acusação de estupro, mas o absolveu da segunda, condenando-o a dois anos de prisão.
 
"O tribunal de apelações chegou a uma conclusão diferente e considera provado, sem sombra de dúvida, que o acusado é culpado de estupro na segunda ocasião também", disse o tribunal de apelações em um comunicado. A pena foi aumentada em seis meses em relação à primeira.

Arnault é casado com Katarina Frostenson, um membro da Academia Sueca que raramente fala desde o início do escândalo. Ele está preso desde a sua condenação pelo tribunal de primeira instância.

Efeito Harvey Weinstein

O escândalo eclodiu em novembro de 2017, um mês após o surgimento de acusações de estupro e abuso sexual contra o magnata de Hollywood Harvey Weinstein.

Na época, o jornal sueco Dagens Nyheter publicou os depoimentos de 18 mulheres que alegavam ter sido estupradas, agredidas sexualmente ou assediadas por Arnault.

O francês dirigia o clube do Fórum, que ele fundou em 1989 como local de encontro da elite cultural, e era popular entre os aspirantes a jovens autores que esperavam fazer contato com editores e escritores.

A Academia Sueca, que financiou seu clube por anos, tem 18 membros e Arnault frequentemente se referia a si mesmo como seu "19º membro". Ele chegou a vazar os nomes dos vencedores do Nobel para amigos.

As revelações deixaram a prestigiosa instituição profundamente dividida sobre como administrar seus laços com Arnault e sua esposa, com alguns membros deixando a Academia.

“Cultura do silêncio”

Seus acusadores afirmam que a Academia estava ciente do comportamento de Arnault, mas garantiu que "uma cultura de silêncio" reinou nos círculos culturais.

Desacreditada e sem quórum para tomar decisões importantes, a Academia adiou o anúncio do Prêmio Nobel de Literatura de 2018 pela primeira vez em 70 anos.

Várias alegações contra Arnault foram retiradas devido à falta de provas ou porque o estatuto de limitações expirou.