Mulheres suíças fazem greve por igualdade e contra violência sexual
As mulheres da Suíça realizam uma greve nesta sexta-feira (14) em todo o país, exigindo igualdade de direitos. "Mais tempo, mais dinheiro e respeito" é o slogan da manifestação que denuncia uma diferença salarial de 20% em relação aos homens.
Além da equiparação das remunerações, as suíças também exigem o reconhecimento do trabalho doméstico e familiar, a inclusão das mulheres em setores relacionados ao poder, e denunciam violências sexuais e sexistas.
Diversas manifestações estão previstas neste país que concedeu o direito ao voto às mulheres apenas em 1971. Desfiles de carrinhos de bebês, marchas, concertos de vaias e piqueniques gigantes são organizados nas principais cidades suíças.
Aquelas que não podem participar dos eventos foram convidadas a parar de trabalhar a partir das 15h24 locais (10h24 pelo horário de Brasília), que corresponde à hora em que as mulheres passam a exercer suas atividades gratuitamente, considerando a desigualdade salarial de 20% em relação aos homens.
Igualdade de gêneros apenas em 1981
Na Suíça, mobilizações desta amplitude são raras. A última grande manifestação feminina data de exatamente 28 anos. Em 14 de junho de 1991, 500 mil mulheres ocuparam as ruas do país exigindo direitos iguais.
O histórico protesto visava marcar a persistente injustiça, dez anos após a introdução do princípio de igualdade entre gêneros na Constituição, em 1981.
Graças à indignação coletiva das suíças, alguns direitos começaram a ser reconhecidos. Em 1992, o estupro conjugal passou a ser punido por lei. Em 1996, o direito ao divórcio consagrou a regra do consentimento mútuo e a possibilidade de uma autoridade parental conjunta. Em 2002, o aborto foi legalizado e, apenas em 2005, o direito à licença-maternidade foi inscrito na lei.
Desigualdade persiste
No entanto, a situação entre mulheres e homens está longe de alcançar a igualdade na Suíça. Uma a cada sete mulheres é demitida, após retornar da licença-maternidade, segundo uma pesquisa recente do escritório de estudos de política social Bass.
Além disso, na Suíça, as tarefas domésticas continuam sendo responsabilidade das mulheres. Ao terem filhos, muitas delas não veem outra opção além de trabalharem meio período. Assim, quando se aposentam, elas ganham três vezes menos que os homens, em média.
A paridade também está longe de ser equilibrada na política e nas empresas. Em 2019, 28,9% dos representantes políticos são mulheres e apenas 36% dirigem uma empresa.
Como no mundo inteiro, as suíças também são vítimas de violências sexuais e sexistas. De acordo com a ONG Anistia Internacional, a cada duas semanas, uma mulher é assassinada na Suíça pelo marido ou ex-companheiro. Já a definição de estupro continua até hoje considerando apenas a penetração forçada do pênis na vagina, divergindo da concepção do sexo forçado na maioria dos países da Europa.
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