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Milhares de mulheres tomam as ruas de Paris para protestar contra a violência e o feminicídio

"Maré roxa" em Paris protestou contra aumento em feminicídios no país - AFP/Dominique Faget
"Maré roxa" em Paris protestou contra aumento em feminicídios no país Imagem: AFP/Dominique Faget

23/11/2019 13h21

Milhares de pessoas desfilam neste sábado (23) em Paris para pedir um basta à violência contra as mulheres e ao feminicídio. Atentendo a um chamado do coletivo #NousToutes - ou Todas Nós, em português -, uma "maré roxa".

Milhares de pessoas desfilam neste sábado (23) em Paris para pedir um basta à violência contra as mulheres e ao feminicídio. Atentendo a um chamado do coletivo #NousToutes - ou Todas Nós, em português -, uma "maré roxa", tomou as ruas de Paris para dar visibilidade à causa e pressionar as autoridades a tomarem medidas concretas, no contexto do aumento alarmante do número de vítimas.

Todos os anos na França, 250.000 mulheres são vítimas de violência e a cada dois dias uma mulher é morta por seu cônjuge ou ex-cônjuge.

Diante dessa realidade, a organizadora da marcha, Caroline de Haas, e seu coletivo #NousToutes chamam Emmanuel Macron para decretar um plano de emergência.

"Se o Presidente da República não decidir uma mudança radical de política pública, ainda haverá violência em massa em 2020. Portanto, precisamos de ? 1 bilhão de extras para combater a violência e precisamos de medidas que mudem fundamentalmente as coisas", afirma de Haas.

Uma falta "intolerável" de profissionalismo

Entre essas medidas, elas pedem a capacitação de profissionais em contato com mulheres vítimas.

"Somos instruídas a denunciar. Mas, quando as mulheres prestam queixa, às vezes são assassinadas. Temos dezenas, centenas de testemunhos de mulheres vítimas de violência conjugal que chamam a polícia e escutam, dos policiais: 'senhora, não nos movemos por uma vassoura quebrada'. É intolerável essa falta de profissionalismo. E não é culpa da polícia e dos policiais, é porque eles não são treinados para detectar a violência e intervir urgentemente", diz a organizadora da marcha

O coletivo também pede a criação de um certificado obrigatório de não-violência para estudantes do ensino médio, o estabelecimento de tribunais especializados e o fortalecimento de todos os dispositivos existentes.

Participação brasileira

Muitas brasileiras radicadas em Paris, pertencentes a diversos grupos feministas ou mesmo por iniciativa própria, participam da marcha.

Uma delas é Andrea Clemente, líder do Grupô Mulheres do Brasil. Ela falou à RFI diretamente da Praça da Ópera, onde a multidão se concentrou, antes de marchar em direção à Praça da Nação.

"Para nós, do Grupo Mulheres, fazer parte desta marcha é de vital importância. A causa da violência contra a mulher é uma das nossas principais bandeiras no Brasil e no mundo. No Brasil, vai ter uma grande marcha no dia 8 de dezembro e, aqui, nós nos unimos à França nesta marcha de hoje", diz Clemente.