Pandemia provoca aumento de casamentos precoces no sudeste asiático
O casamento de menores é uma tradição em vários países do sul e principalmente do sudeste asiático. O fenômeno vinha perdendo força graças a campanhas prometendo mais acesso à educação e aos serviços de saúde às famílias locais. No entanto, a pandemia de coronavírus vem mudando a situação.
"Houve progresso nos últimos anos, mas o coronavírus provocou um retrocesso", constata Sai Jyothirmai, diretora do centro de informações e pesquisas para as mulheres da região Ásia Paciífico (ARROW), que há mais de uma década luta contra casamentos precoces nessa parte do mundo.
Precariedade e risco de agressões sexuais
Segundo ela, várias razões explicam essa mudança de paradigma, mas as causas econômicas são as que mais pesam.
"Muitas famílias que perderam seus empregos encontram dificuldades para alimentar seus filhos", explica a ativista. "Eles querem protegê-los [financeiramente], mas também protegê-los dos perigos, até dentro de casa, onde as crianças são mais vulneráveis à violência e às agressões sexuais. Para resolver todos esses problemas, o casamento precoce pode ser considerado por alguns como uma solução", resume.
Sai Jyothirmai lembra ainda que "o vírus desestabilizou as prioridades de saúde pública e as campanhas de comunicação sobre sexualidade e contracepção, que deixaram de ser temas urgentes".
Isso teria um impacto no aumento de casamentos precoces, mas também na recrudescência de casos de gravidez de adolescentes.
O fechamento das escolas para evitar a propagação do vírus também é apontado como fator agravante nessa situação. Além da educação contribuir para a prevenção, muitos pais temem que, fora das escolas, as filhas engravidem e, por essa razão, preferem que as meninas se casem rapidamente.
Segundo dados das Nações Unidas, a cada ano cerca de 12 milhões de meninas de menos 18 anos se casam pelo mundo. De acordo com a Unicef, a Indonésia é um dos países que mais registra casamentos precoces.
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