Nem crop top, nem minissaia. Bastou um blazer decotado para que a primeira-minista da Finlândia, Sanna Marin, fosse alvo de críticas sexistas. Nas redes sociais, movimento feminista defende a chefe do governo.
Nem crop top, nem minissaia. Bastou um blazer decotado para que a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, fosse alvo de críticas sexistas. Nas redes sociais, movimento feminista defende a chefe do governo.
Essa é a foto que sacode o país há quatro dias. Nas redes sociais, internautas não pouparam Sanna Marin de críticas, denunciando a "indecência" da roupa que utilizou para posar para a revista. Ela é acusada de deixar de lado suas funções para "brincar de modelo", em plena crise de covid-19.
A polêmica ocorre apenas alguns dias depois que a dirigente transferiu simbolicamente por um dia a chefia do Executivo à adolescente Aava Murto, de 16 anos. A iniciativa encampada pelo governo da Finlândia faz parte da campanha mundial "Girls Takeover", da ONG Plan Internacional, que visa sensibilizar as jovens para o universo digital e as oportunidades de trabalho nas indústrias de alta tecnologia.
Ironicamente, na edição impressa da revista Trendi, a premiê lamenta que as escolhas pessoais das mulheres sejam sempre assunto de "debates e análises". Ela também fala da obsessão da sociedade em torno da aparência física das mulheres e afirma que ela tenta mudar o menos possível seu visual para que isso não atraia a atenção da opinião pública.
A premiê chegou ao poder após uma moção de censura contra o então primeiro-ministro, Antii Rinne, que renunciou após ter sido acusado de má administração na resolução de uma disputa trabalhista dentro da empresa estatal de correios Posti. Número dois do Partido Social Democrata, Sanna Marin se tornou a mais jovem primeira-ministra do mundo. Sua gestão da crise sanitária e econômica obteve uma forte adesão dos finlandeses, cujo país é um dos menos afetados pelo coronavírus na Europa, com 365 mortos.
No entanto, há algumas semanas, diante do aumento do número de casos de Covid-19 na Finlândia, as críticas miraram na premiê. A oposição a acusa de não ter antecipado a segunda onda e de não ter sido clara sobre a necessidade do uso de máscaras de proteção, recomendado o acessório apenas a partir de setembro em locais públicos fechados.
Apoio nas redes sociais
A oposição não imaginava, no entanto, que a polêmica envolvendo o blazer da dirigente iria resultar em uma onda de apoio. Desde o fim de semana, centenas de finlandesas e finlandeses publicam fotos exibindo decotes, junto da hashtag #imwithsanna (estou com Sanna).
É o caso da jornalista de TV Ina Mikkola, que em um post em que aparece exibindo parte de seu peito denuncia a misoginia das críticas contra a premiê. Ex-presidente da Finlândia, Tarja Halonen, felicitou Sanna Marin por "fazer parte do grupo de mulheres políticas cujo físico é constantemente discutido, ao contrários dos homens".
Um dia antes de a polêmica em torno do blazer da premiê sacudir o país, o eurodeputado Teuvo Hakkarainen, do partido de extrema direita Verdadeiros Finlandeses, publicou nas redes sociais uma foto em que se exibe de sunga e com um boné com a mensagem "Make America Great Again", slogan de campanha do presidente americano, Donald Trump. No Facebook, o ex-líder dos Verdes, Ville Niinistö, denuncia "dois pesos, duas medidas", que, segundo ele, "limitam o exercício do poder de uma mulher, dizendo a ela o que é apropriado ou não fazer".
No último domingo, no Dia Internacional da Menina, Sanna Marin publicou uma foto quando criança em sua conta no Instagram. Junto da imagem, a premiê escreveu: "Pensava que tudo era possível porque minha mãe me disse que eu podia ser o que eu quisesse. É preciso encorajar as garotas, porque elas mudam o mundo".
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