Campanha portuguesa de apoio a Mari Ferrer mobiliza Europa
A campanha teve início na primeira semana deste mês com a participação de pessoas de diversas cidades portuguesas e de outros países europeus, como Espanha, Holanda, Polônia e Suíça. Elas enviaram fotos com o nome da cidade onde estão e a hashtag #justicapormariferrer.
Segundo Cyntia de Paula, presidente da Casa do Brasil de Lisboa, além dos compartilhamentos, a iniciativa já recebeu centenas de reações nas redes sociais. Campanhas como a que pede justiça para Mari Ferrer, salienta, são fundamentais para que mulheres vítimas de violência entendam "que não estão sozinhas".
"A voz coletiva tem muito mais alcance. Então, lutar por justiça junto faz muita diferença", completa Ana Paula Costa, idealizadora da plataforma Geni e também integrante da direção da Casa do Brasil de Lisboa.
O caso Mari Ferrer
Em dezembro de 2018, em Florianópolis, Santa Catarina, a jovem Mariana Ferrer registrou um boletim de ocorrência afirmando ter sido drogada e estuprada pelo empresário André de Camargo Aranha.
Imagens da audiência, realizada em setembro passado, por meio de videoconferência, mostram Cláudio Gastão da Rosa Filho, advogado do empresário, insultando e humilhando a jovem repetidas vezes. Na tentativa de desqualificar a acusação, a defesa mostrou fotos da Mari Ferrer enquanto modelo. Ela chegou a implorar respeito ao juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis.
O promotor responsável pelo caso entendeu que não existiu intenção de estupro, e André de Camargo Aranha foi absolvido pela Justiça. Quando as imagens da audiência foram partilhadas nas redes sociais, o caso gerou revolta e indignação.
"Não podemos admitir que uma mulher que denuncia uma violência sexual seja culpabilizada e seja humilhada da forma como ela foi em todo o processo. Essa justiça misógina é completamente inaceitável, e não poderíamos ficar quietas independentemente de onde estamos no mundo", afirma a presidente da Casa do Brasil de Lisboa.
Misoginia
Ao comentar a importância da campanha, Cyntia de Paula explica que a mobilização social é importante para denunciar o "sistema judicial misógino que violenta as mulheres que já foram vítimas de violência e [que já foram] violentadas".
Na opinião de Ana Paula Costa, "o caso da Mari, infelizmente, ilustra como a Justiça e o processo penal precisam ser repensados". De acordo com ela, é necessário que o sistema judiciário proteja quem é vítima de violência "porque nós sabemos que existem muitos casos em que a mulher denuncia uma agressão, e após essa denúncia é vítima de feminicídio, por exemplo. O sistema falhou, não é?", questiona Costa.
Mulheres, "não desistam"
Para Cyntia de Paula, a forma como a Mari Ferrer foi tratada "é completamente grave" e pode acabar por afugentar novas denúncias "no sentido que desencoraja outras vítimas".
A idealizadora da plataforma Geni faz um apelo: "O que eu gostaria de dizer é para as mulheres não se sentirem desmotivadas e que não desistam de denunciar; e dizer para outras pessoas também, que veem violências, que [essas pessoas] sejam a voz dessas mulheres quando elas não puderem falar".
Para participar da campanha
Quem quiser participar da campanha, basta enviar uma foto por meio do Facebook ou do Instagram da Casa do Brasil de Lisboa ou da plataforma Geni, que também tem conta no Twitter. A foto com o nome da cidade onde está o participante com a hastag #justicapormariferrer também pode ser encaminhada para o endereço eletrónico plataformageni@gmail.com
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