Francesas protestam contra 'feminismo de fachada' de extrema direita

A uma semana do primeiro turno das eleições legislativas na França, marcado para 30 de junho, associações feministas, sindicatos e ONGs saíram às ruas em Paris e em outras cidades do país neste domingo (23) para denunciar o que consideram o "feminismo de fachada" da extrema direita.

O protesto é direcionado ao partido Reunião Nacional (RN) que rejeita as acusações de não respeitar as conquistas femininas. Os participantes chamavam atenção para o "perigo" para os direitos das mulheres em caso de uma vitória da legenda, que tem 35% das intenções de voto, de acordo com as últimas pesquisas eleitorais.

"Quando vemos a história do partido [RN], não podemos dizer que ele defende as mulheres. Devemos lembrar que eles atacam constantemente o planejamento familiar", critica Morgane Legras, 28 anos, ativista e engenheira nuclear, presente no cortejo que reuniu milhares de pessoas em Paris.

"Cada vez que a extrema direita chega ao poder em algum lugar, ataca o direito ao aborto. Não vejo por que haveria uma exceção francesa", disse Sarah Durocher.

Suzy Rojtman, porta-voz do Coletivo Nacional pelos Direitos da Mulher e ativista desde 1974, aponta a importância de "alertar a população feminina, mas não só, contra uma impostura, uma deturpação" do RN sobre os direitos das mulheres.

'Alarme feminista'

Mulher segura um cartaz que diz "Feministas e antirracistas: Nós incomodamos o ódio"
Mulher segura um cartaz que diz "Feministas e antirracistas: Nós incomodamos o ódio" Imagem: Alain Pitton/NurPhoto via Getty Images

Na capital francesa, as participantes vestiam a cor púrpura, emblemática do feminismo. A manifestação partiu da Praça da República em direção a Nation onde, simbolicamente, foi lançado um "alerta feminista" ao som de alarmes e apitos.

Nos cartazes, lia-se mensagens como: "nem marido, nem patrão, nem Marine, nem Macron", citando a líder do RN, Marine Le Pen, e o presidente francês, Emmanuel Macron.

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O carro de som tocava um sucesso da cantora Clara Luciani, co-signatária com várias centenas de artistas de uma petição que apela a uma barreira à extrema direita nas próximas eleições.

Manifestações semelhantes foram organizadas este fim de semana em cerca de cinquenta municípios, a pedido de mais de 200 associações como Fundação da Mulher, Planejamento Familiar, #Noustoutes; ONGs como Oxfam, França Terre d'Asile, além de sindicatos (CGT, CFDT).

As líderes da CFDT, Marylise Léon, e da CGT, Sophie Binet, participaram dos protestos em Paris.

Em Toulouse, cerca de 880 pessoas, de acordo com a estimação da prefeitura, e 1.500, segundo contagem dos organizadores, manifestaram-se em clima festivo. "Mulher e jovens, duplo castigo" ou "lésbicas contra o fascismo", eram algumas das mensagens escritas nos cartazes.

"O RN é contra as mulheres, incita ao ódio. É contra o aborto. Coisas que nem deveríamos discutir na nossa época", lamentou Sarah, 33 anos.

Apontado por seu posicionamento, o Reunião Nacional denunciou esta semana "caricaturas" e "mentiras". Em um vídeo dirigido a "todas as mulheres da França", o candidato Jordan Bardella acusou, na terça-feira, "a extrema esquerda" de "assumir o monopólio dos direitos das mulheres".

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(Com AFP)

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