Racional e leve: projeto em São Paulo permite integração com o verde e ambiente festivo

A fachada da casa AM, numa rua tranquila do Alto de Pinheiros – bairro tradicional e nobre da capital paulista -, não deixa transparecer, em sua forma estreita, as surpresas que esconde.

A arquiteta Monica Drucker criou um projeto com 1 mil m² para o terreno em “L” e em declive a partir do nível da rua, com fundo voltado às árvores centenárias e ao amplo horizonte do Parque Vila Lobos. A essa boa localização foi somada a intensa vida social do futuro morador, um empresário que desejava uma casa espaçosa e aberta às visitas.

Para não deixar o proprietário e seus convidados sem privacidade, mas garantir o usufruto da vista para o horizonte, Drucker desenvolveu uma estrutura metálica cuja volumetria avança, recortada, para os fundos em busca da paisagem verde. 

“Essas intenções se desdobram na adequação da implantação à topografia e à insolação existentes”, diz a arquiteta. Assim, os painéis de vidro voltados para face sudeste, que oferece luz menos invasiva, não deixam superaquecer ambientes internos, mas permitem a máxima entrada da iluminação natural.

Raios solares diretos e mais quentes, porém, escapam pela porta da frente, de orientação noroeste e com vão translúcido de abertura controlada, instalada na fachada onde revestimentos de diferentes ordens se misturam – além do vidro e do aço estrutural, a madeira e a pedra mineira ali estão. 

Patamares de encaixe

A casa AM é disposta em pavimentos interligados por rampas, escadas largas e um elevador predial.  E a ideia da estrutura metálica atende não só à racionalidade do terreno, da planta e da obra, como se mostra uma solução estética aprazível aos diversos níveis e funções do volume construtivo que conta com dormitórios de hóspedes, sala de ginástica com mirante, TV e escritório, além de amplo living ligado a cozinha, churrasqueira com piscina e área verde.

Nesse ínterim, para que a sala de estar não ficasse escura, em nível mais baixo que o da rua, foi adotado pé-direito com cinco metros de altura. “As etapas de construção incluíram muros de arrimo, locação de pilares metálicos em intervalos modulados, vigas metálicas primárias e secundárias com pintura laminada antioxidante e recapeamento de parafusos”, descreve Drucker.

A piscina tem raia semiolímpica de 22,5 m de comprimento, além de espaço mais raso lateral, para a disposição de espreguiçadeiras nos dias de sol. Tal conjunto foi suspenso em estrutura de concreto, para que atingisse o mesmo nível da sala de estar e, em detrimento do declive do terreno, servisse ainda como cobertura da garagem.  De dentro do living a visão agrada. Nela, a piscina transborda para o horizonte metropolitano e o verde dos fundos do terreno mesclado às copas das árvores do Parque Vila Lobos.

Como os fechamentos laterais são amplos e em vidro, com muitas janelas e portas de correr voltadas para áreas sombreadas, a ventilação cruzada não foi uma preocupação. A questão central era tornar a transparência uma característica não só da relação entre ambientes externos e internos, como também o conceito predominante na comunicação entre os espaços íntimos e a circulação entre os pavimentos.

Com decoração de Monica Drucker e Yara Ciancy, esta arquitetura reta, séria, racional e eficiente é arrematada pelas peças de designers conhecidos como Hugo França, Achille Castiglione, Jorge Zalszupin, Delia Beru, Charles Eames e Sergio Rodrigues.  Nomes de peso, que preenchem a leveza da composição.