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Bambu é o principal material utilizado em projeto baseado no movimento da lua

25/06/2011 10h00Atualizada em 22/04/2015 19h20

Projetada para uma cliente muito especial – a própria mãe do arquiteto – a Casa Para Uma Admiradora da Lua (nome traduzido do espanhol) está localizada em Playa Avellanas, na província de Guanacaste, Costa Rica. A construção principia um novo capítulo na história de vida dessa pequena família. O arquiteto Benjamin Garcia Saxe, responsável pelo projeto e também pela construção, conta que, apesar das dificuldades vividas por ambos, "nunca deixei de sonhar com um lugar digno onde minha mãe pudesse encontrar a verdadeira felicidade".

Desgostosa com a vida na cidade, Dona Helen Saxe Fernandez se retirou para o bosque e, por seus próprios meios, construiu uma moradia muito simples, com galhos de árvores, tela e elementos de demolição. O projeto da antiga casa permitia que, desde a cama, ela visse a lua todas as noites. E essa era a maneira que encontrava para estar mais próxima do filho. Mas o medo de que a chuva e o vento derrubassem a moradia, ou que alguém invadisse a sua frágil privacidade, contudo, nunca permitiram a verdadeira tranquilidade.

Ao desenhar a nova casa, Garcia se inspirou na rotina da moradora para construir um lar de acordo com a sua realidade. O projeto traz o bosque para dentro da casa por meio de um pátio semi-aberto, só que dessa vez promovendo segurança e controle da relação com o exterior. Ao redor desse elemento ajardinado se desenvolvem duas áreas: uma privativa, que contém o dormitório, e outra social, com sala e cozinha.

Ambos módulos são compostos por uma estrutura de bambu em forma de cone que se abre ao céu debaixo de um chapéu de abas largas e protetoras: o teto. Todas as paredes e o forro são feitos como uma espécie de jaula, entretecida com bambu. O efeito é um bosque interno matizado entre luzes e sombras, com diversos graus de privacidade dependendo da hora do dia e da época do ano.

Orientada à natureza

Dada a orientação da casa, o sol a percorre deixando o quarto submerso nas sombras do bambu durante o período da manhã, movendo-as para o jardim central ao meio-dia e fazendo com que terminem o entardecer na sala e cozinha. Durante as noites, se pode visualizar a lua através de uma abertura no topo do cone que cobre o dormitório. Esse foi um dos poucos -senão a único- desejo de Dona Helen. "O fato de a lua acompanhá-la encurta a distância física entre nós", diz Garcia.

O clima da região de Guanacaste é extremamente quente e seco no verão e com densidade pluviométrica bastante alta durante a estação chuvosa. Para adequar-se a esses extremos, a casa foi construída sobre pilotis, afastando o piso tanto da umidade quanto do calor da radiação solar no solo.

As paredes de cilindros de bambu forradas de juta formam, junto com o forro, uma pele interna. O teto de folhas de zinco configura outra, mais externa. Entre essas duas camadas o ar circula livremente, proporcionando frescor constante aos ambientes. A madeira usada para os pisos dos terraços e colunas foi cortada no terreno da propriedade. O esquema modular e a abundância de materiais facilitariam, no futuro, a expansão da residência.

Todo o bambu necessário à construção foi cortado de uma plantação familiar a poucos quilômetros da obra, durante a lua cheia. Depois de mergulhadas em óleo diesel, as peças foram secadas à sombra. Mais tarde, o material das paredes foi dividido em pedaços de 15 cm e protegido com verniz naval. O conjunto de todas essas centenas de pedacinhos forma painéis translúcidos que dão o caráter principal da casa. (Tania Bertolo, colaboração para o UOL)

Ficha técnica

Casa para admirar a lua, Playa Avellanas, Costa Rica

Projeto de Benjamin Garcia Saxe

Detalhes do projeto
  • Área Construída 100 m²
  • Conclusão da Obra janeiro de 2011
  • Projeto Benjamin Garcia Saxe
  • Construção Gabriel Garcia Saxe e Construtora Brenes