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Casa com pátios e coberturas deslizantes tem "ponte" suspensa sobre piscina

Do UOL, em São Paulo

05/12/2014 07h03Atualizada em 05/12/2014 08h37

A história da Casa das Pérgolas tem início em 2009, quando a revista inglesa Wallpaper publicou um projeto do escritório FGMF Arquitetos, denominado Casa Tic Tac. Tratava-se de um desenho conceitual, onde os cômodos da residência se moviam de acordo com o desejo dos usuários. A ideia despertou o interesse de um leitor que, de imediato, contatou os profissionais para criar uma morada semelhante no terreno recém-adquirido em um condomínio em Bauru, interior de São Paulo.

Ao começar o projeto foi necessário aparar algumas arestas para chegar a um consenso com o casal proprietário. “Ele almejava uma casa que se movesse e a esposa preferia algo mais convencional”, conta o arquiteto Fernando Forte, sócio do escritório FGMF junto com Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz. Decidiu-se por contentar os dois, construindo uma residência com muita originalidade e espaços considerados “normais”.

Algumas particularidades determinariam de imediato a definição do partido arquitetônico e das proposições construtivas e espaciais. De um lado, o formato irregular do terreno: um triângulo com 500 m² e apenas dez metros de frente e menor ângulo voltado para uma rua em “cul-de-sac” (sem saída) e visuais pouco interessantes. De outro, o futuro morador, que trabalha com Inovação e Tecnologia na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), capaz de estimular as ideias criativas dos arquitetos.

Mediterrânea

O projeto proposto em nada diferia de uma obra convencional e se apresentava modesto quanto à área construída: afinal, os ambientes de serviço, sociais e íntimos não ultrapassavam os 160 m². Porém esses espaços acabaram “esparramados” pelo terreno, através de quatro blocos: cozinha e lavabo à frente, escritório e salas mais ao centro, depois  suíte do casal deslocada para um dos vértices do triângulo e, por último, os dormitórios dos filhos com banheiro intercalado. Estes volumes foram ligados através de um eixo principal, uma espécie de corredor que percorre toda a extensão da casa de maneira melíflua, interligando os ambientes com discrição.

Os espaços entre estes blocos são tratados à semelhança das casas-pátio mediterrâneas, mas com uma particularidade significativa: os átrios, em lugar de totalmente abertos, contam com um sistema de painéis de fechamento: pérgolas que deslizam sobre vigas metálicas, acionados por controle remoto, proporcionando diferentes configurações a esses espaços, ao atender a distintos propósitos como vedação (parcial ou total) ou abertura.

O sistema de vigas metálicas tem papel relevante no conjunto edificado, tanto espacial quanto construtivo. Como afirma Forte: “O terreno foi dividido em fatias com quatro metros de largura, sendo em cada um desses eixos colocada uma viga metálica indo de um extremo a outro do terreno, ou seja, de muro a muro”, onde se apoiam. Além dessa função delimitativa, as vigas servem de travamento para as paredes estruturais de concreto armado pré-fabricado e de arremate para as calhas e coberturas metálicas.

O eixo de circulação já citado funciona também como elemento normativo, capaz de estabelecer unidade entre os blocos. Seu piso fica apoiado em perfis metálicos atirantados (firmados) às vigas de cobertura, enfatizando assim a formação de uma ponte que atravessa a piscina, que também faz as vezes de espelho d’água. “Os fechamentos com painéis de vidro e os trechos com água são muito importantes para diminuir a sensação de confinamento”, conclui o arquiteto. Na Casa das Pérgolas não é possível estar dentro ou fora, fica-se nos dois.

Ficha técnica

Casa das Pérgolas Deslizantes, Bauru (SP)

Projeto de FGMF Arquitetos

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 500 m²
  • Área Construída 160 m²
  • Início do Projeto 2012
  • Conclusão da Obra 2014
  • Projeto FGMF Arquitetos - Forte, Gimenes e Marcondes Ferraz Arquiteto
  • Equipe Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz
  • Colaboradores Renata Davi, Juliana Nohara, Bruno Milan, Carolina Matsumoto e Marina Almeida
  • Projeto de Arquitetura Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz
  • Projeto de Paisagismo Studio Ilex
  • Projeto de Fundação Oppea
  • Projeto Estrutural - Concreto Oppea
  • Construção Sudeste Engenharia
  • Projeto de Instalações Elétricas Ramoska e Castellani Projetos