Casa leve em Petrópolis oferece paz e tranquilidade em meio às montanhas
A grande cobertura curva é o destaque da casa Samambaia, na região serrana do Rio de Janeiro. A ideia do arquiteto Rodrigo Simão foi promover a ventilação por convecção (quando o ar quente sobe) e daí seu desenho peculiar: uma curva ascendente com acentuado pé-direito de 10,5 m e 225 m² de área. “Um verdadeiro túnel de vento”, como ressalta o arquiteto.
Em lugar da laje tradicional de concreto armado, que resultaria em uma espessura indesejável, está o perfil extremamente delgado, com apenas 4 cm. A estrutura consiste no uso de telhas tipo “shingle” (manta de fibra de vidro saturada com asfalto e grânulos cerâmicos) e manta asfáltica (propriamente dita) aplicada a fogo sobre o assoalho de madeira cumaru. Segundo o arquiteto, tal sistema é bastante durável e comumente visto em países como Estados Unidos e Canadá.
Etérea e fresca
Algumas preocupações básicas orientaram o partido da casa, com área construída de 330 m², implantada no terreno de formato irregular com 2.766 m². Uma delas foi a integração com a paisagem, que conta com árvores nativas como aroeira e mulungu. Essa ligação é viabilizada pelo uso franco de superfícies envidraçadas, empregadas em 80% da área de fechamento. Há também o cuidado particular das relações com o clima e o emprego simultâneo de técnicas construtivas tanto tradicionais quanto contemporâneas.
Assim, a construção térrea está elevada 1,5 m do solo, empregando uma fundação corrida de alvenaria de granito cinza. Sob este conjunto estão a garagem, a lavanderia e o estúdio de música, iluminado por uma abertura de vidro no piso da sala de estar (veja a foto 13). O principal acesso é feito através de um deck com aproximadamente 70 m².
O conforto térmico, auxiliado pelo telhado, é assegurado pela orientação solar adequada dos principais ambientes. Enquanto os dormitórios olham para o norte, a sala volta-se para o leste. “Esta posição faz com que o sol percorra a casa o dia inteiro, prevenindo os ambientes do mofo causado pela umidade própria do clima chuvoso e úmido de montanha”, observa o arquiteto.
Metal, madeira e concreto
O pé-direito do trecho mais elevado, com 10,5 m, proporcionou a criação de um mezanino, que serve como travamento da estrutura metálica e é ocupado pelo ateliê da artista plástica e muralista Katharina Welper.
O propósito que animou o projetista foi o de “criar algo cristalino muito leve e delgado” através da estrutura metálica. O piso é de concreto derramado e polido, com aspecto liso e “sem a necessidade de impermeabilização, porque os poros são completamente fechados”, como explica Simão. Trata-se de uma solução construtiva de fácil manutenção e bastante econômica, porque elimina as etapas de piso e contrapiso.
Em contraponto, a madeira aproveitada de demolição dá forma a duas pequenas edificações – a brinquedoteca, ligada ao quarto das filhas através de passarela em meio nível, e a sauna – além do deck avarandado com churrasqueira e ainda dá corpo a portas, janelas e parte do mobiliário. “É um cantinho de muita paz, um refúgio permanente”, afirma Rodrigo Simão ao ressaltar qualidades da casa Samambaia, como integração com a natureza, clima saudável e tranquilidade.
Ficha técnica
Casa Samambaia, Petrópolis (RJ)
Projeto de Rodrigo Simão
Detalhes do projeto- Área do Terreno 2.766,74 m²
- Área Construída 330 m²
- Início do Projeto dezembro de 2004
- Conclusão da Obra maio de 2014
- Projeto Rodrigo Simão
- Projeto de Arquitetura Rodrigo Simão
- Projeto de Decoração Rodrigo Simão e Katharina Welper
- Projeto de Paisagismo Rodrigo Simão e Katharina Welper
- Projeto Estrutural - Aço Álvaro Moraes
- Construção Valter André
- Gerenciamento da Obra Rodrigo Simão
- Projeto de Instalações Elétricas Vega Engenharia
- Projeto Luminotécnico Rodrigo Simão