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Com arquitetura "limpa", hotel se aproveita da deslumbrante paisagem de Camburi

02/02/2012 07h00Atualizada em 21/04/2015 19h29

Uma construção que olha para o entorno e busca emoldurar, para aqueles que dela desfrutam, as belas paisagens da praia de Camburi, em São Sebastião, litoral paulista. Distante poucos metros do mar, o hotel "pé na areia" tem linhas simples que se conformam à exuberância da natureza em redor.

Projetado pelo escritório paulistano GCP Arquitetos, o Nau Royal foi desenhado com o propósito de promover o bem-estar e a sustentabilidade. “A forma, desde o primeiro traço, é fundamental para a arquitetura ser responsável. Sustentabilidade é ser inteligente do início ao fim”, afirma o arquiteto Sérgio Coelho, autor do projeto.

O terreno de 1.500 m2 foi racionalizado para acomodar o número de quartos desejado pelos clientes, bem como as instalações comuns e funcionais do hotel e as áreas de lazer. São 950 m2 de área construída e 15 suítes.

Arquitetura responsável

A construção foi orientada de modo a aproveitar de maneira coerente o sol e o vento, assim os ambientes bem arejados demandam menos uso de ar-condicionado ou ventiladores, além de aproveitarem com mais eficiência a iluminação natural. Sobre a laje de cobertura ainda há um deck de madeira que ajuda a minimizar a insolação, auxiliando na manutenção térmica dos espaços internos.

Criado de forma a causar o mínimo impacto possível ao ecossistema de Camburi, o projeto do GCP buscou tratar a água utilizada nos serviços do hotel e reaproveitar certa parte do volume para alimentar as bacias sanitárias, que possuem dispositivos a fim de controlar o desperdício. As madeiras empregadas são certificadas e as tintas tem base de terra ou água, sendo mais amigáveis ao meio ambiente; enquanto a iluminação é predominantemente composta por lâmpadas LED e o aquecimento da água é solar.

A arquitetura do Nau Royal aproveita as vistas da praia e das montanhas através de grandes aberturas limitadas por panos de vidro do chão ao teto, antecedidas por varandas. É o que se pode chamar de conceito da “fachada negativa” ou inversa, que é a visão que o usuário tem ao olhar a paisagem praiana enquadrada pela estrutura construtiva. Na obra, as linhas minimalistas servem à não disputa de atenção com a exuberância desse entorno, mas de maneira formal expressiva e simples.

“O que caracteriza a tipologia do projeto são as sacadas ‘brise’, espécies de para-sóis de estrutura ripada.  Essas varandas – projetadas em balanço - são importantes para filtrar a luz e controlar a temperatura, mas esteticamente essenciais, porque emolduram a paisagem. Ver a praia ou as montanhas das janelas e dessas plataformas é uma questão poética”, define Coelho.

Estrutura

Apesar de estar na praia, a fundação do Nau Royal não foi complicada, pois o solo de Camburi não tem a conformação instável do mangue, como no caso de Santos. Através de sapatas, o alicerce distribui com facilidade o peso da construção.

A arquitetura principal, segundo Daniel Mariano, arquiteto e co-autor do projeto, é baseada no concreto armado o que garantiu bom custo-benefício e resistência à ação da maresia. “Pensamos a obra de forma a minimizar a exigência de manutenção”, esclarece Mariano.  Toda a estrutura metálica é feita de aço patinável, conhecido como “Corten”, que “enferrujado” garante uma média de resistência à corrosão cerca de três vezes maior que o comum.

  • Fabiano Cerchiari/UOL

    Sala de café da manhã do Hotel Nau Royal, na praia do Camburi, em São Sebastião (SP). O projetoassinado pelo escritório GCP Arquitetos

Manutenção baixa, bem-estar em alta

De acordo com os profissionais do escritório GCP, o projeto como um todo procurou a simplicidade e a funcionalidade através da escolha dos materiais e pela opção por volumes limpos e retangulares da construção, bem como dos acabamentos para os ambientes.

“Buscamos elementos que causassem boas sensações, como a do piso, bom pra andar descalço ou de chinelos. Somos arquitetos paulistanos/paulistas de orientação moderna, mas trabalhamos com foco na funcionalidade e no usufruto do espaço. Ficamos felizes de ver que o hotel está contextualizado”, conclui Coelho.

A decoração conta com um estilo contemporâneo, mas típico do litoral. A arquiteta de interiores Débora Aguiar empregou cores claras que se contrapõem ao mar intenso de Camburi. "A ideia foi trazer charme e conforto aos hóspedes, com ambientes amplos e arejados formando um cenário praiano e ao mesmo tempo aconchegante", explica Aguiar.

O edifício foi dividido em dois blocos de plantas retangulares, limitados apenas por um jardim/lobby interno, onde se localiza a circulação vertical por escadas. Com três pavimentos, o Nau Royal dispõem as suítes no térreo e no primeiro andar, sendo que parte dos quartos no nível superior possuem amplos terraços voltado ao mar com decks-jardim. No piso ao rés do chão também estão as áreas comuns, enquanto o subsolo abriga as dependências de serviço, além de spa e administração.

O Nau Royal foi vencedor da 4ª edição do prêmio “Melhor da Arquitetura”, em 2011, na categoria “Hotelaria”. O escritório GCP Arquitetos também conquistou, na mesma ocasião, reconhecimento com o projeto para “Edifícios Comerciais - até quatro pavimentos ou 500m²”. (Daiana Dalfito - Do UOL, em São Paulo)

Ficha técnica

Hotel Nau Royal, Praia de Camburi, São Sebastião (SP)

Projeto de GCP Arquitetos

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 1.500 m²
  • Área Construída 950 m²
  • Início do Projeto 2009
  • Conclusão da Obra 2011
  • Projeto GCP Arquitetos
  • Equipe Sergio Coelho (autor), Alessandra Araújo (coordenação geral e sustentabilidade), Adriana Oliveira, Daniel Mariano, Silvio Diarte, Nuno Almeida, Tais Miyake e Tomás Brunoro
  • Colaboradores Arcosev; Débora Aguiar (interiores); Deca; Madezonia; Resinfloor; Roca; Weiku; 3form
  • Projeto de Paisagismo Marcelo Belloto Paisagismo
  • Projeto de Fundação Herivelto Schiozer
  • Construção Almatep Tecnologia em Construções
  • Projeto de Instalações Elétricas Projetar Projetos de Sistemas
  • Projeto Luminotécnico Acenda Projeto de Iluminação