Topo

Universa

Estante é peça chave de microapê com 26m²: móvel integra e oferece luz entre-cômodos

Do UOL, em São Paulo

02/12/2012 10h10Atualizada em 29/07/2015 16h52

Em Porto Alegre eles são chamados “JK”, o que se traduz, no cacoete imobiliário paulistano, por kitnet - ou quarto-sala integrado - com pequena cozinha, área de serviços e banheiro. E, assim, era o apartamento Silva e Lima, na região central da capital rio-grandense.

Originalmente com uma parede que separava a cozinha do quarto-sala e um layout em “L”, era desejo do arquiteto Vitor Hugo Rebello Junior transformar o exíguo espaço de apenas 26m² em um apartamento para casal, onde fosse possível receber visitas sem perder a privacidade do dormitório nem se contentar em oferecer um estar escuro e sem vida aos amigos.

A resposta veio num momento de meditação: “eu observava o skyline de Montevidéu, no Uruguai, quando tive a ideia da estante”, revela Rebello. A vista sobre a cidade mostrava o horizonte urbano repleto de prédios em diferentes alturas, expondo um plano de volumetria irregular. Então, num “insight”, o arquiteto considerou a possibilidade de transferir a imagem plana e horizontal para o eixo vertical. E fez-se a ideia do principal elemento do projeto de interiores do pequeno apê, que delimitaria o living do dormitório.

A estante, quase janela

“O móvel é um conjunto de cubos de profundidades variáveis entre 25 cm, 30 cm e 35 cm, voltados para o living e conformando uma estante-parede. Nela, os cubos mais rasos - em maior número - são usados para acomodar CDs, DVDs e livros; os maiores e mais profundos, no entanto, ficam livres e permitem a passagem da luz que vem da grande janela do dormitório integrado, mas ao mesmo tempo separado da área social”, conta o arquiteto. Engenhosa, a ideia foi capaz de iluminar a sala de estar, mantendo a privacidade do espaço íntimo do casal.

Além da estante-divisória, armários de cozinha, portas de correr da lavanderia, mesa, cama com baú e gavetas e um rack foram desenhados por Rebello e executados em marcenaria, com MDF revestido de laminado melamínico branco. “Esta cor, que predomina, amplia espaços reduzidos, além de refletir e potencializar toda a luz natural captada através das janelas”, justifica.

Organização e detalhes, o segredo da amplitude

Sem paredes onde encostar ou embutir o guarda-roupa, o jeito foi resolver a cama com uma marcenaria própria e aglutinadora: gavetas e um baú guardam as vestimentas do casal, além da roupa de cama e de banho. A estante, por sua vez, também recebeu grandes gavetas inferiores e o rack da sala reservou nichos para equipamentos eletrônicos e instrumentos musicais.

Na cozinha, intervenções demandaram até modificações hidráulicas: onde antes ficava a pia, agora está a pequena área de serviços com máquinas de levar e de secar e prateleiras para materiais e equipamentos de limpeza. O ambiente é separado da cozinha por porta de correr, também em marcenaria branca.

  • Arte UOL

    Apê com apenas 26 m² ganhou estante que integra, mas também delimita alas íntima e social

Fogão e geladeira tiveram de ser comprados nos tamanhos exatos para a largura da pia e dimensões dos armários. “Onde fizemos a mesa - também em marcenaria - ficava, na planta original, a parede que separava o quarto-sala da cozinha”, conta Rebello.

Para quebrar o branco do projeto, o arquiteto lixou e pintou de vermelho as antigas maçanetas das portas. Com o piso em cimento queimado acinzentado, era preciso mais uma cor quente, que contrastasse com o branco, o cinza e o vermelho, sem exageros: “bastou um único cubo amarelo na estante, para que o equilíbrio da composição fosse encontrado, sem que se abrisse mão do senso de integração e da reflexão luminosa sobre o fundo predominantemente branco”, pontua.

Como a metragem tão exígua, o orçamento e o tempo foram “curtos”. A execução cronometrada e bem planejada levou - do início do quebra-quebra até o término da marcenaria - um total de 30 dias. “O projeto tinha que ser bem resolvido e, os materiais, os mais baratos e resistentes possíveis. Não havia tempo, dinheiro e muito menos espaço para uma arquitetura ineficiente”, conclui o arquiteto.

Ficha técnica

Apê Lima e Silva, Porto Alegre (RS)

Projeto de Vitor Hugo Rebello Junior

Detalhes do projeto
  • Área Construída 26 m²
  • Início do Projeto 2010
  • Conclusão da Obra 2010
  • Projeto Vitor Hugo Rebello Junior
  • Colaboradores Roberta Petillo
  • Projeto de Decoração Vitor Hugo Rebello Junior (marcenaria)
  • Projeto Luminotécnico Roberta Petillo