No Chile, casas de concreto "brotam" da montanha para contemplar a paisagem
O sofisticado balneário de Zapallar, na costa central do Chile, é um local privilegiado, com belas construções incrustadas na montanha, diante de uma vista arrebatadora para o Pacífico. Ao conceber uma residência em um lugar desse tipo, é natural que o projeto de arquitetura procure aproveitar-se da exuberância da natureza. Mas Cristián Undurraga, arquiteto premiado no Chile e em vários países do continente, foi além ao desenhar, nesse local, duas casas – uma para sua família e outra para um amigo.
As edificações, externamente similares e complementares, consistem em dois retângulos de linhas modernistas que se integram ao lugar. Sem agredir visualmente a paisagem, as casas brotam suavemente da montanha e, parcialmente transparentes, se abrem quase que por inteiro permitindo uma vista panorâmica do azul do mar e da praia de areia branca. Daí o nome escolhido para batizá-las: Casas del Horizonte.
Concreto aparente, vidro e pedra foram os principais materiais utilizados na construção das residências de dois andares, uma com 433 m² e outra com 491 m², distribuídas em um terreno íngreme com mais de seis mil metros quadrados.
No primeiro pavimento, os ambientes de vocação mais social foram agrupados. Ali estão as salas de estar e jantar e a cozinha, além do pátio com acesso ao jardim. No andar superior, mais íntimo, localizam-se outras salas de estar e as suítes. Como duas das fachadas são de vidro, os banheiros se localizam na parte central da planta, assegurando privacidade a seus usuários.
Leve brutalidade
A construção de cada casa pode ser dividida em três momentos principais. Primeiro foi realizada a escavação gerando um pátio central e dois volumes nas extremidades. Nesses locais, ocupados por cozinha, área de serviço, adega e um pequeno quintal, as paredes de pedras fazem referência às rochas que se desenrolam na praia.
Cobrindo parte do pátio, um bloco retangular de vidro foi construído como um pavilhão-ponte, que une as duas pontas e onde os demais cômodos de distribuem. Sobre essa construção, depositam-se esbeltas vigas estruturais de concreto aparente, de 2,40 m de altura por 48 m de comprimento. Esses elementos, símbolos de uma linguagem racional, além de funcionais, evidenciam a horizontalidade da construção.
A estrutura é bastante simples com lajes e vigas de concreto apoiadas sobre três pilares: um em cada extremidade da casa, onde se fundem com as paredes de pedra, e outro no centro, junto à lareira e à escada. O esquema estrutural foi decisivo para que a amplitude desejada aos espaços fosse obtida. Os ambientes deveriam ser fluídos, sem grandes interferências.
Nas duas casas projetadas por Undurraga, o conforto térmico foi conseguido por meio de um conjunto de estratégias. Uma delas foi a ventilação cruzada, permitindo que a brisa do mar atravessasse a edificação através de suas aberturas. Além disso, na face norte dos volumes, mais exposta à insolação, persianas móveis ajudam a controlar a incidência dos raios solares.
Nos interiores, predomina a estética bruta do concreto que reina sem disfarces. Há pouquíssimos ornamentos. Piso e teto não exigem revestimentos e a iluminação, inclusive, foi em grande parte embutida na própria laje de concreto. Já, na área externa, na parte de trás das construções - protegida do vento -, Undurraga criou um pátio descoberto. O espaço, voltado para o norte, comunica-se com o paisagismo composto por espécies ornamentais da região, intermediado por um espelho d’ água.
Ficha técnica
Casas del Horizonte, Zapallar, Chile
Projeto de Cristián Undurraga
Detalhes do projeto- Área do Terreno 6.426 m²
- Área Construída 433 m² (casa um) e 491 m² (casa dois)
- Início do Projeto 2007
- Conclusão da Obra 2009
- Projeto Cristián Undurraga
- Colaboradores Undurraga Devés Arquitectos e Cristián Larraín Bontá
- Projeto Estrutural - Concreto José Jiménez e Rafael Gática
- Construção Almar Construtora