One Hyde Park, o edifício com os apartamentos mais caros do mundo
Inaugurado a 19 de janeiro último, o One Hyde Park Residencial está implantado de frente para o Hyde Park, no coração do distrito de Knightsbridge, uma das áreas mais nobres e caras de Londres.
O metro quadrado da construção vale, em média, R$ 171 mil; e a unidade mais barata no condomínio, de apenas um dormitório, foi vendida por cerca de R$ 17,5 milhões. Enquanto uma das coberturas teria chegado, segundo jornais britânicos, a ser comercializada por 140 milhões de libras esterlinas, o equivalente a R$ 374 milhões.
O projeto do arquiteto Richard Rogers (do escritório Rogers Stirk Harbour + Partners), nome de destaque da arquitetura high-tech européia, procurou dotar todas as unidades de farta iluminação natural, vistas panorâmicas para o entorno, privacidade, segurança, e ainda possibilitar o uso eficiente de energia e de água.
O conjunto ocupa uma superfície de 65 mil m² e é formado por quatro edifícios de alturas variadas, com um total de 86 apartamentos. Na meticulosa implantação, os quatro blocos foram posicionados de oeste a leste de maneira escalonada, ou seja, o primeiro está alguns metros avançado em relação ao seguinte e assim por diante. Da mesma forma, a altura dos prédios varia, compondo uma cadeia de edifícios de 10, 12, 14 e 12 pavimentos. Essa variação na altura dos prédios ocorreu, não por capricho de Rogers, mas por determinação da legislação municipal para o local.
A forma das lajes dos pavimentos –-larga no centro e estreita nas extremidades norte e sul- foi pensada para propiciar mais luz ao interior das unidades e vistas panorâmicas privilegiadas para o Hyde Park e para a cidade. Visto tanto do parque quanto da Knightsbridge, a parte central mais larga da laje não é notada, pois o desenho foi desenvolvido de maneira a dar a ilusão de que a planta é retangular. O desenho da laje tem ainda a vantagem de maximizar o perímetro, permitindo que os ambientes mais importantes ocupem os espaços ao longo das extremidades com as vistas panorâmicas. Os ambientes secundários ficam localizados na direção do miolo dos blocos, e oferecem vistas controladas para norte e sul.
A forma das lajes -larga no centro e estreita nas extremidades- foi pensada para proporcionar mais luz ao interior das unidades e vistas privilegiadas para o Hyde Park e para a cidade
A forma das lajes -larga no centro e estreita nas extremidades- foi pensada para proporcionar mais luz ao interior das unidades e vistas privilegiadas para o Hyde Park e para a cidade
Os blocos residenciais foram separados uns dos outros por núcleos estruturados em aço, totalmente envidraçados, que reúnem lobbies, elevadores para moradores separados dos de pessoal e de serviços, e escadas.
O térreo dos quatro blocos é interligado e aberto para a rua Knightsbridge, onde um hall de pé-direito duplo abriga três lojas de marcas famosas (o espaço já está ocupado pela McLaren Automotive e Rolex), recepção dos quatro edifícios, escritórios, e áreas de lazer com piscina, salas de cinema, sauna a vapor, fitness, adega, quadra de squash, simulador de golfe e sala de jogos virtuais.
Cada um dos pavimentos-tipo tem três apartamentos de plantas com diferentes dimensões: com um, três e quatro dormitórios. O nível superior de cada um dos prédios é ocupado por coberturas dúplex, áticos de altura dupla, concebidos e expressos como "tetos habitados". Com uma área de 2.780 m², cada uma dessas quatro coberturas tem seis dormitórios.
Segurança e diálogo com o entorno
Na fachada, o arquiteto procurou reverenciar os edifícios do entorno, usando no alto o cinza neutro, no meio, o cobre patinado vermelho/marrom, refletindo a coloração predominante da rua Knightsbridge e, na base, cor neutra, a exemplo dos blocos de pedra dos edifícios do entorno.
Os vidros são compostos por três camadas produzidas com pouco teor de ferro, o que resulta num alto grau de transparência e evita a coloração esverdeada, comum nos vidros convencionais. O aço utilizado é de cor cinza escuro, mesmo tom dos usados nos trabalhos em ferro das fachadas dos prédios adjacentes.
Os elementos da fachada, além de levar sombra aos interiores, aumentam a segurança, direcionam as vistas a partir do edifício, e propiciam privacidade aos moradores. O desenho desenvolvido especialmente para as fachadas faz com que elas pareçam mais transparentes quando vistas da diagonal, e mais sólidas quando vistas do Hyde Park ou da Knightsbridge.
Os segundo e terceiro subsolos dos edifícios foram ocupados por garagens, com vagas para 139 automóveis e ainda espaços próprios para 114 motos e bicicletas. O acesso aos pisos de estacionamento é feito por dois elevadores para veículos.
Conjunto é vizinho ao metrô
Por causa do empreendimento, a entrada da estação de metrô Knightsbridge foi recolocada para as proximidades de uma rotatória, junto ao hotel Mandarim Oriental, vizinho e fornecedor de serviços de hotelaria do One Hyde Park. Na execução do novo acesso para o metrô, foram utilizados os mesmos materiais do conjunto residencial: aço, vidro e concreto.
Uma série de iniciativas de sustentabilidade foi desenvolvida pelo projeto e incorporada ao novo conjunto. Além da correta implantação e desenvolvimentos das fachadas, o projeto pôs em prática uma estratégia geotérmica que utiliza a água do aquífero sob o edifício, a 150 m de profundidade. A água é retirada e armazenada no verão, e no inverno, uma bomba especial a aquece, e também ao próprio edifício. Ao longo do tempo, isso reduz o consumo de energia primária do edifício em 10%, e também a emissão de gases.
Ficha técnica
One Hyde Park, Londres
Projeto de Rogers Stirk Harbour + Partners
Detalhes do projeto- Área do Terreno 65 mil m²
- Início do Projeto 2005
- Conclusão da Obra 2011
- Projeto Richard Rogers
- Projeto de Paisagismo Gillespies
- Projeto Estrutural - Concreto Ove Arup & Partners