Reforma ilumina e amplia apartamento antigo em Lisboa
Um espaço clean, com ambientes amplos, poucos elementos e muita funcionalidade. Essas são as principais características do projeto criado pelo escritório de arquitetura Ternullomelo, de Lisboa, Portugal. O desafio dos sócios, o arquiteto português Pedro Melo e a arquiteta italiana Chiara Ternullo, era fazer uma transformação radical e trazer mais claridade a um apartamento de 165 m2, no bairro de Miraflores, em Lisboa.
O ponto de partida foi a saída dos filhos dos proprietários de casa. Os vários cômodos perderam o sentido e o jeito foi reduzir o número de ambientes compartimentados, integrando melhor o espaço de acordo com as necessidades atuais do casal, que passa boa parte do tempo em casa. Assim, os arquitetos priorizaram espaços onde os dois pudessem ficar juntos, caso da sala principal, que comporta várias situações de uso. A copa e a cozinha foram integradas e ainda podem se comunicar com a sala de jantar.
Para reduzir o número de cômodos foi preciso apelar para o quebra-quebra. “Tinha muito espaço inútil. O primeiro passo foi derrubar diversas paredes e eliminar dois quartos. Um deles se transformou no closet do casal. E o outro dormitório se tornou a sala de jantar”, conta o arquiteto.
Além dessa mudança de estrutura, outros detalhes foram substituídos por não agradarem aos donos da casa. A madeira escura do chão deu lugar à outra mais clara, de pinho de Riga (era importante manter o piso de madeira, por ser quente e adequado ao clima frio da cidade). As maçanetas das portas, que antes eram douradas e desenhadas, agora são de aço inox escovado; as paredes beges foram pintadas de esmalte branco neve, assim como a madeira dos armários que ficam nos corredores.
Na cozinha e no banheiro, a cerâmica bege que revestia o piso foi trocada por pedra amarela do Egito, que apesar de ter esse nome, tem uma cor claríssima, e foi também aplicada na bancada das pias. “Para isso, adotamos uma técnica em que as pedras são cortadas em tamanhos irregulares. Essa diferença entre os recortes provoca um efeito de movimento interessante”, conta Pedro.
Luz do dia
A principal queixa dos proprietários, no entanto, era a falta de luz no apartamento, que acabava ficando pior com o piso escuro e as paredes bege. Pedro Melo explica que o imóvel só recebe insolação no final da tarde e, mesmo assim, por poucos minutos. Para contornar esse problema, ele e a sócia optaram por usar acabamentos claros, como a madeira do piso, os revestimentos da copa e cozinha, bastante luz artificial indireta e espelhos, que refletem a luz.
Em outras palavras, o problema tornou-se um bom motivo para ideias criativas. A começar pela circunferência de 1,40m de diâmetro disposta no forro logo na entrada da casa. Embutida no teto de gesso, é um recurso que esconde as lâmpadas e produz bastante claridade como se fosse uma clara-bóia. A estante da sala e uma das paredes da cozinha (que, na verdade, é um módulo de madeira) também têm lâmpadas embutidas que emitem luz indireta, imitando a do dia.
Em termos de instalações, o apartamento estava em ordem. Mesmo assim, para garantir conforto e modernidade, o arquiteto instalou novos pontos de luz e de cabo para a internet. O aquecimento de água das torneiras e chuveiros e o sistema de calefação, que eram produzidos com energia elétrica, agora funcionam à base de gás natural. “Foi uma medida para garantir economia e conforto aos moradores”, explica o arquiteto Pedro Melo.
Para viabilizar todas as mudanças necessárias, além de derrubar paredes, foi necessário desenvolver recursos como armários, estantes e novas portas de passagem e corredores. “A estante introduziu um ar moderno à sala, os armários embutidos nos corredores foram criados para eliminar os guarda-roupas dos quartos”, explica Pedro. “Nada foi comprado pronto, todas as esquadrias, armários e estantes foram desenhados sob medida e feitos por um marceneiro contratado”. O preço total da obra ficou em cem mil euros, o que equivale a aproximadamente R$ 247.500. (Isabela Leal, colaboração para o UOL)
Ficha técnica
MApartment, Lisboa, Portugal
Projeto de Ternullomelo Architects
Detalhes do projeto- Área Construída 165 mº
- Início do Projeto 2007
- Conclusão da Obra 2009
- Projeto Chiara Ternullo e Pedro Melo
- Colaboradores Cátia Costa, Dario Marzan, Daniela Silva
- Construção Obrisuki