Em pleno século 21, o modo de vida contemporâneo já não mais admite ambientes muito compartimentados, com funções exclusivas. O que se quer atualmente, sobretudo após um dia exaustivo de trabalho numa grande metrópole, é chegar em casa e se espalhar num espaço amplo, onde se possa fazer de tudo: reunir a família, colocar a conversa em dia, tomar um drinque, cozinhar, jantar, assistir um filme, entregar-se à leitura ou a uma boa música e até mesmo trabalhar. Daí a grande procura pelos lofts, apartamentos com pés-direitos altíssimos e ambientes abertos e integrados.
Essa configuração - herdada dos nova-iorquinos que nos idos dos anos 1970 descobriam as vantagens desse jeito de morar - combina com estilos de vida dinâmicos e livres, como o da proprietária do loft Itaim, localizado no bairro de mesmo nome, em São Paulo (SP).
Empresária de eventos, divorciada e com um filho pequeno, ela encomendou o projeto de reforma do amplo apartamento ao escritório FGMF (Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos), com um propósito definido: que se assemelhasse a um loft.
NY na lira paulistana
Então, a primeira intervenção dos arquitetos foi demolir as paredes que separavam os ambientes de área social, transformando-os num só espaço agradável para receber amigos ou ficar em família. “Procuramos explorar as melhores características do local, principalmente o pé-direito alto e as grandes janelas”, afirma o arquiteto Rodrigo Marcondes Ferraz.
Com 162 m², o grande destaque da arquitetura é o pé-direito de 4,50 m que acomodou uma estante da mesma dimensão que se tornou o móvel-curinga do living: de madeira laqueada, ela ocupa uma parede inteira com prateleiras, gavetas e nichos dos mais variados tamanhos, expondo objetos, livros, discos, filmes e acomodando equipamentos de TV e som.
E, como a cozinha ficou integrada à sala, os arquitetos que desenharam a estante optaram por estendê-la também para a parte superior do ambiente, formando uma espécie de rodateto na área de trabalho. Assim, além de organizar o espaço, a estante resultou num interessante efeito estético.
Os demais revestimentos foram pensados a partir da estante. Dessa forma, o piso que já tinha tábuas de madeira foi ebanizado para contrastar com o branco do grande móvel. Por sua vez, o teto exibe concreto aparente com grande trilho de iluminação suspenso que pode ser regulado de acordo com a necessidade de luz direta ou indireta. As paredes em tijolo aparente foram pintadas de branco em sintonia com o restante do ambiente.
A decoração tem seu encanto ao misturar peças de família da moradora com móveis atuais e assinados, como a poltrona dos irmãos Campana que convive em harmonia com cadeiras antigas e quadros do acervo da proprietária. Tons de azul dominam a cozinha, o sofá e as poltronas, concedendo suavidade e acolhimento ao conjunto.