Topo

Universa

Resort no sul da Bahia aposta em linhas modernas e minimalistas

06/08/2011 07h00Atualizada em 22/04/2015 19h15

Em meio a uma reserva ambiental e em uma das praias mais paradisíacas do sul da Bahia, o Makenna Resort é dedicado ao descanso e à contemplação da natureza. A implantação do hotel, cujas diárias chegam a custar R$ 1.300,00, apoiou-se em um conceito pouco explorado pela hotelaria do litoral brasileiro. Em vez dos convencionais bangalôs de inspiração tailandesa, a aposta foi em linhas modernas com elegantes traços minimalistas.

O objetivo, segundo Monica Drucker, responsável pelo projeto de arquitetura junto com o arquiteto Ruben Otero, foi proporcionar uma estética refinada por meio de elementos simples. Mais do que respeitar a escala do local, o espaço construído deveria estabelecer uma relação visual com a natureza. “Tentou-se expandir dramaticamente a sensação de horizontalidade, eliminando do campo visual aquilo que não é a essência da paisagem”, conta Drucker. O resultado são construções discretas, permeáveis, que enquadram a exuberante vista.

Horizontalidade

Localizado entre as cidades de Ilhéus e Itacaré, o resort insere-se em um terreno de 50 hectares. Apesar de toda essa área disponível, apenas 6.700 m² foram construídos, dando origem ao edifício-sede (com restaurante, áreas de recepção e lazer), a um spa, a um prédio de serviços e aos 16 exclusivos chalés, com áreas de 80 m² e 100 m². O restante do terreno, ocupado por 42 hectares de Mata Atlântica nativa, manteve-se intacto.

Fora o cuidado com a ocupação do espaço, outras medidas contribuíram para reduzir o impacto da construção e da operação do hotel ao ambiente. O Makenna conta com sistema de tratamento de efluentes e também utiliza painéis fotovoltaicos para geração de energia.

A preocupação com a sustentabilidade fez com que a implantação dos chalés se transformasse em um desafio à parte. Isso porque todas as unidades deveriam ter vista para o mar e ocupar uma faixa do terreno junto à praia, de forma que todos os coqueiros fossem preservados, assim como outras espécies arbóreas existentes.

Conforto térmico

Como o sul da Bahia é uma região bastante quente e úmida, outra preocupação foi garantir ambientes bem arejados e frescos com o uso mínimo de ar condicionado. Nesse ponto, a arquitetura modernista veio bem a calhar ao oferecer um leque amplo de soluções, como o uso de brises, amplos pátios e aberturas frente-fundo que facilitam a circulação de ar.

  • Arte UOL

    A implantação mostra o edifício principal, no centro do desenho, e a distribuição dos chalés,
    à direita da imagem, todos voltados para a praia

Também favoreceu a refrigeração dos ambientes a decisão de elevar as construções em 70 cm em relação nível do solo. De quebra, a medida de suspender as edificações trouxe outros benefícios técnicos e estéticos: ajudou a preservar a vegetação rasteira na faixa de areia junto à praia, manteve as construções longe da umidade, facilitou o acesso às instalações sanitárias em caso de manutenção e agregou leveza visual, algo muito desejável em um resort praiano.

Curiosamente essa aparência fluida foi conquistada utilizando-se um material pesado, o concreto. Protagonista na arquitetura do Makenna Resort, ele está presente em elementos estruturais, em pisos e na cobertura.

Vista sem interferências

Muito dessa leveza se deve ao uso de lajes nervuradas com miolo de poliestireno expandido (EPS), que também colaborou para melhorar o conforto térmico. Monica Drucker conta que essa solução permitiu obter estruturas esbeltas, com apoios pontuais relativamente separados, amplos vãos livres e grandes balanços que formam terraços e espaços de transição entre interior e exterior, sem interferência de pilares. Diante da forte maresia que desgasta os materiais, o concreto selecionado para a obra recebeu aplicação de fibras de carbono que aumentam a sua resistência e durabilidade.

Nos interiores, as paredes ora são brancas, ora revestidas com pedras de arenito extraídas na região. A decoração, com peças de design clean e minimalista, muitas desenhadas pela própria Monica Drucker, mantém coerência com a arquitetura do local.

Nas áreas sociais a atmosfera é a de uma galeria de arte. O que, de certa forma, não deixa de ser verdade. Circulando pelo local é possível visualizar diversas pinturas e instalações do artista plástico alemão Thilo Scheuermann, que também é o proprietário do resort. (Juliana Nakamura, colaboração para o UOL)

Ficha técnica

Makenna Resort, Ponta da Tulha ( BA)

Projeto de Drucker Associados

Detalhes do projeto
  • Área do Terreno 50 hectares
  • Área Construída 6.700 m²
  • Início do Projeto 2004
  • Conclusão da Obra 2010
  • Projeto Monica Drucker e Ruben Otero
  • Equipe Roni Ebina, Fausto Chino, Juliana Martins, Victor Minghini
  • Projeto Estrutural - Concreto Pedro Teleki
  • Construção Polis Projeto Consultoria
  • Projeto de Instalações Elétricas GRAU Engenharia
  • Projeto Luminotécnico Lightworks Iluminação