Sobre terreno em declive, casa monocromática se integra à mata e à praia no Guarujá

Inserida no alto de um morro, cercada por mata Atlântica e de frente para o oceano, a residência Iporanga revela a intencional aproximação com natureza desejada pelos proprietários. Os arquitetos Bruna Ximenes e André Leite, do escritório Ximenes Leite Arquitetura, em co-autoria com o arquiteto Mario Biselli, levaram às últimas consequências o intento dos futuros moradores, alcançando a almejada integração interior/exterior, assim como a grande unidade plástica que personaliza a casa.

Imponente e singela num só tempo, a construção ergue-se no topo do morro, branca, num terreno com 14 m de declive situado num condomínio fechado da praia de Iporanga, no Guarujá, litoral norte de São Paulo.

Neste projeto, a maior virtude da arquitetura foi vencer o desafio do desnível acentuado, sem que fosse preciso escavar ou remover a terra. Explorando ao máximo a peculiaridade do lote, os arquitetos criaram espécies de mirantes ao “adotar pés-direitos duplos vedados por amplos panos de vidro com a função de unir a casa à natureza”, como explica Leite.

A pouca interferência ao apreciar da vista pode ser percebida por aqueles que chegam à residência e ocupam o estacionamento, também separado da casa apenas por um pano de vidro. Assim, o mar é vislumbrado antes mesmo de se adentrar à morada.

Volumosa e efêmera

Para viabilizar o acesso de pedestres, os arquitetos projetaram uma passarela de concreto que se une à base elevada do estacionamento em grade metálica; artimanha esta utilizada para assegurar a ventilação dos setores de serviço instalados no pavimento inferior e voltados para a rua. Juntos, esses dois elementos formam uma ponte que liga a rua ao pavimento intermediário da casa, denominado térreo pelos autores do projeto.

A construção se desenvolve em quatro níveis. O térreo abriga a entrada principal, a sala íntima e quatro suítes, além da escada que conduz ao pavimento superior, onde está a ampla suíte máster do casal de proprietários, composta por closet, estúdio, banheiro e terraço com pergolado metálico e uma visão esplêndida do mar, dos morros, das árvores e do céu.

O pavimento inferior acomoda os setores sociais, de lazer e de serviço. Esse local é o ponto de encontro da família e dos amigos. Composto por salas de televisão, estar com pé-direito duplo e jantar, além de varanda com churrasqueira, é o lugar ideal para diversão e relaxamento. Através de generosos panos de vidro, os ambientes se abrem totalmente para o exterior, onde está a piscina, ou se resguardam através da caixilharia retrátil que possibilita a configuração de uma varanda junto à área social.

A piscina é uma atração a parte: suspensa do ponto mais baixo do terreno - a uma altura de 14 metros – a estrutura possui borda infinita e parece se unir ao mar distante. Há ainda um pavimento sob a piscina, ocupado por sauna, área de descanso, vestiário e instalações funcionais da casa, como aquecedor.

Duas passagens laterais fazem a ligação entre a frente da casa e a área de lazer: uma maneira de garantir que os convidados cheguem diretamente à piscina e à churrasqueira sem atravessar o interior da residência.

Lá dentro, a ambientação foi criada com móveis e revestimentos brancos. A única exceção de grande porte é a parede da sala de estar, em mármore travertino navona, que separa a área social da de serviços e funciona como ponto de referência em meio a um espaço aberto para o exterior. A noite, a iluminação pontual na parte inferior cria um cenário belo e mágico, digno das coisas do mar.