Adriana Bozon, 48, diz que sempre esteve dividida entre dois mundos: o da criatividade e o das vendas. Com isso em mente, entrou no curso de desenho industrial da Faap, em São Paulo, mas logo percebeu que "não queria ficar desenhando". "Gosto da criação, mas queria realizar, atingir metas de negócio", fala em papo para Universa.
Foi por isso que ela largou tudo aqui no Brasil e passou um tempo em Londres, cidade cujo mercado de moda é efervescente. Voltou para o Brasil direto para a Ellus, uma das maiores confecções do país. Foi o início da trajetória de cerca de 30 anos que a levou ao cargo de diretora de criação e de branding da InBrands, conglomerado que inclui a Ellus e outras etiquetas como a Herchcovitch; Alexandre e Bobstore.
A diretora pode ter um currículo enxuto se comparado ao de outros profissionais em cargos de liderança nesse mercado. Isso não quer dizer, no entanto, que ela tem menos vivência. Adriana trilhou o extenso e árduo caminho de tijolos amarelos da empresa e passou por diversos níveis da hierarquia dentro da InBrands, cujo faturamento, em 2018, foi de R$ 667 milhões. Foi estilista, gerente de produto e, agora, diretora de criação. No começo do ano, também assumiu a missão de reformular o branding das marcas do conglomerado.
Segundo a líder, o que a levou tão longe em sua trajetória foi a capacidade de viver tanto no mundo das ideias como entre tabelas e cronogramas. "Tenho esse olhar criativo, essa sensibilidade, mas sei que preciso entregar as coisas dentro do prazo e bater metas", afirma. Adriana admite, no entanto, que esse é o tipo de característica rara no mercado e, por isso, não pode cobrar o mesmo de todo mundo com quem trabalha. "Tem que ter a dupla: a pessoa que é mais pé no chão e aquela que é mais solta, mais mundo da lua".
Para conseguir esse mix perfeito, a diretora de criação diz que é papel do líder perceber quais são as características mais fortes de sua equipe. "É preciso colocar a pessoa em seu lugar. Se ela cria, ela é boa de estilo, coloque ela em posições em que possa explorar isso", afirma. E é esta parte, a de gerir pessoas, que Adriana mais gosta. "Sempre quis ter uma equipe para trabalhar junto. Aprender com novos funcionários e formar bons profissionais. É assim que um líder chega mais longe: encontrando um equilíbrio e tendo pessoas ao lado, não trabalhando sozinho", ensina.