Em 2018, a publicitária Marcia Esteves identificou uma necessidade: tornar a empresa em que trabalhava mais diversa para que o resultado do trabalho também fosse. Bem antes das discussões sobre racismo provocadas após a morte do norte-americano George Floyd, ela incluiu jovens negros e de baixa renda em seu universo, o da propaganda. Diversidade, para a CEO da Lew'Lara, uma das principais agências de propaganda do país, demanda tempo e esforço, mas precisa fazer das empresas - sobretudo das que ajudam a construir nossa cultura.
Agora, conta, seu olhar está para a desigualdade de gênero. "Mais de 50% da renda das famílias vem de mulheres, e quando a gente olha as nossas campanhas sempre tem um homem dirigindo um carro e decidindo sua compra, por exemplo", afirma. "Por que será? Será que a gente também, no nosso dia a dia, não está errando?"
Para a executiva, esse questionamento deve ser constante. "Sempre me coloco essa pressão", diz. "O exemplo da diversidade tem que ser muito mais diário na vida das pessoas. Mas como eu normalizo o que as pessoas estranham hoje?"
Formada em publicidade pela Fundação Armando Alvares Penteado, Marcia conta que até hoje, aos 38 anos, não parou de estudar - e que isso fez toda a diferença em sua carreira. É especializada em marketing pelo Instituto Europeo di Design em Milão, na Itália, fez MBA na Fundação Getulio Vargas, além de programas na Omnicom University (em Boston) e na Universidade de Tel Aviv. "Por enquanto", brinca ela, que morou na Austrália, Estados Unidos, Itália e Espanha.
Por onde passou, aprendeu a ouvir as pessoas. Com isso, aboliu o "certo e errado" e passou a considerar as perspectivas de cada um, o que enriqueceu seu trabalho. Nesta entrevista, ela conta sobre esses aprendizados, diz que não se importa com cargos, diz que seu principal problema convencer o time largar o Whathsapp nos fins de semana, e explica a paixão da qual não abre mão: o mergulho.