No Brasil, ter um pai presente pode ser considerado uma sorte, uma vez que o abandono é comum. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2015, o país ganhou, em um intervalo de dez anos, mais de 1 milhão de famílias compostas por mães-solo. Só no estado de São Paulo, no registro de 750 mil pessoas com até 30 anos não consta o nome do pai. Neste dia 11 de agosto, nem todas as casas brasileiras devem comemorar o Dia dos Pais. Vai sobrar um lugar à mesa.
Apesar de a figura do pai ausente ser uma realidade brasileira, o guarda-roupa deles é tendência. Com a popularização da moda agênero, não é preciso procurar muito para ver, nas vitrines dos shopping centers, itens como daddy sneakers -- tênis volumosos, a cara dos anos 1990 -- e pochetes. E a conscientização sobre consumo sustentável tem feito as pessoas buscarem novos usos para as peças largadas no fundo do armário de família, uma fonte de roupas com história.
Isabella usa a capa de chuva do pai, desejada desde a infância. Uma camisa listrada verde tem ajudado Ligia a lidar com o luto. Barbara ficou com o alfinete de gravata e o sobrenome do pai que a criou. Giuliana usa uma corrente de cruz para dar sorte ao pai, que se recupera de um acidente. Daniela lembra da lealdade familiar ao vestir a jaqueta jeans de seu pai. Elas buscaram looks do dia dentro do armário de seus familiares. E usam essas peças para contar a Universa um pouco sobre o privilégio de terem um pai de quem roubar as roupas.