Um grupo de amigas solteiras está no bar, mas em vez de trocar olhares com as pessoas da mesa ao lado, elas estão vidradas nos aplicativos de paquera. No balcão, um casal discute porque ele deu like nas fotos de uma colega de trabalho. Um jovem briga com o namorado porque ele não vê seus stories no Instagram. Uma mulher reclama com a amiga que a ex-namorada tem publicado várias fotos em baladas uma semana depois do término.
Você já deve ter participado ou presenciado uma DR do tipo. Essas situações são comuns, mas eram impensáveis, segundo especialistas, até por volta de 2012. Há seis anos, os celulares inteligentes se popularizaram e colocaram em nossas mãos aplicativos como o Tinder e Happn. No Brasil, um terço dos encontros amorosos acontecem por meio de serviços digitais. Por dia, o Tinder tem 26 milhões de matches no mundo todo e 1 bilhão de "deslizadas" para o lado. A tecnologia, porém, não é mais só um cupido: ela também segura vela, é mensageiro e pode causar término de nossos romances.
Zygmunt Bauman falou, em 2004, que os relacionamentos estavam se tornando líquidos, efêmeros e frágeis diante da rapidez das transformações da sociedade em que vivemos. As redes sociais, o WhatsApp e os aplicativos de namoro entraram nessa poção do amor e transformaram, mais uma vez, a forma que vivemos nossas paixões. E a música pop já captou a mensagem e trabalha o tema em suas canções, que espalhamos por aqui.
Dar like é demonstrar interesse? Trocar nudes é traição? Ser camgirl é prostituição? Assumir alguém não é apresentar para os pais ou andar de mãos dadas no shopping, mas publicar uma foto no Instagram? "A gente está traduzindo o mundo e inventando novas linguagens do amor", diz o psicanalista Christian Dunker, autor do livro "Reinventando a Intimidade". "São conceitos que a gente no começo não percebe e com os quais ainda estamos aprendendo a lidar."
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