"Essa falta de ar é coronavírus ou ansiedade?". Há quem diga que 2020 foi "o pior dos anos" - mesmo que ele ainda esteja caminhando para a reta final. Na internet, em tom de ironia e cumplicidade, os memes representam as sensações coletivas de fadiga, medo e solidão. Diante de tanto desgaste, o significado de autocuidado também se transformou. O que antes poderia ser visto como um ritual de beleza de domingo à noite, que se resumia a um hidratante no corpo e uma máscara no rosto, tocou em pontos mais profundos e virou questão de sobrevivência.
As mulheres sentiram os impactos da pandemia com mais intensidade. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos mostra que, durante a pandemia, elas têm mais propensão a desenvolver ansiedade, insônia e enxaqueca do que os homens. Outro estudo, realizado pelos institutos Rede Mulher Empreendedora e Locomotiva, apontou que 86% dos negócios liderados por mulheres fecharam ou funcionaram apenas parcialmente durante o isolamento social.
Entre aquelas que cuidam dos filhos, as principais queixas, de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Valência, são de tristeza, apatia, desmotivação e cansaço. Independentemente de suas posições na sociedade, todas foram afetadas. A panela de pressão ficou ligada durante meses e a conta recaiu sobre a saúde mental. E estabelecer uma rotina de skin care ou só acompanhar páginas inspiradoras no Instagram não é suficiente para resolver o problema.