Apesar de toda a preparação, os profissionais do hospital não estão completamente blindados. "Pelo menos 17 funcionários foram afastados. Muitos por mais de 14 dias. E esse sempre foi um dos nossos grandes temores: perder muitos profissionais por muito tempo", diz Claudia.
Entre os afastados estão colegas muito próximos da enfermeira, o que tem abalado muito sua estrutura emocional. Uma das médicas que se contaminou é parceira antiga. Trabalham juntas desde que Claudia entrou no hospital, como enfermeira da UTI, em 1988. "Quando ela adoeceu, muita coisa mudou para mim. Ela chegou a ir para a UTI e, quando saiu, foi um peso que tiramos dos ombros de todos nós", diz.
Todas as noites, depois de jornadas que chegam a 16 horas de trabalho, deita sobre o travesseiro e chora. "Como todos, eu tenho muitos medos, angústias, me preocupo com muitas coisas", diz ela que vive com o marido e a filha de 20 anos, estudante de medicina. "Em casa, não chegamos perto um do outro."
Entre os temores de Claudia está também o de uma segunda onda de casos da doença no setor privado. Segundo ela, o motivo desse provável aumento de casos é o relaxamento das medidas de isolamento. "Menos de 50% da população está cumprindo a quarentena e a adesão a ela é, sem dúvida, o que mais tem impacto no número de casos."