Se você acompanha minimamente o mundo do futebol, já ouviu alguém chamar um jogador de bicha ou viado. Não que outros esportes estejam livres desse preconceito -- a saber, o de usar a orientação sexual dos atletas, homens e mulheres, para tentar desqualificá-los; seja por um mau desempenho esportivo, pelo novo corte de cabelo ou qualquer outra situação.
Não por acaso, o ginasta Diego Hypolito esperou duas Olimpíadas e 17 anos de carreira para revelar que é gay. Esse tempo todo, ele penou com o medo da homofobia dos colegas esportistas, da família e dos patrocinadores. Um verdadeiro filme de terror que vive boa parte dos atletas que são gays.
Entre as mulheres, a discriminação (apenas) parece se apresentar de maneira mais leve. A seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo Feminina tem diversas jogadoras lésbicas. Muitas declaram o amor pelas namoradas e esposas nas redes sociais -- Bárbara Micheline, Adriana Silva e Cristiane Rozeira são algumas delas. A judoca Rafaela Silva e as jogadoras de vôlei Fabi Alvim e Larissa França foram além e falam abertamente sobre suas afetividades.
Quando o assunto atletas e homossexualidade vem à tona, uma pergunta se coloca: eles devem assumir suas orientações? A resposta é não, caso não queiram. E pode ser sim, para quem defende que, ao falarem do tema, esses atletas ajudariam pessoas homossexuais -- dentro e fora do esporte -- a sofrerem menos com a homofobia.
A um ano das próximas Olimpíadas, que acontecerão em Tóquio, Universa conversa com três mulheres que vestem ou vestiram a camisa da seleção brasileira e não escondem suas orientações sexuais. Elas falam dos perrengues que passaram, de suas visões (bem diferentes) sobre representatividade e, principalmente, de como ter a coragem de ser o que são mudou a vida delas -- inclusive, profissionalmente.