O Brasil tem mais de 11 milhões de mulheres criando filhos sozinhas, segundo uma pesquisa recente Fundação Getúlio Vargas. Os números mostram que 72,4% delas não contam com uma rede de apoio e 45% não têm carteira assinada.
Estão nessa situação de informalidade a paraibana Pam Winston, 28, a paulistana Hadassa, 38, e a maranhense Luza Maria Silva, 51. Todas elas escolheram ser prostitutas para dar uma vida melhor aos filhos.
Luza tinha 12 anos quando saiu do Maranhão para João Pessoa para estudar. Mas aos 15, foi convidada por uma vizinha para trabalhar num cabaré. Com a quantidade de dinheiro que ganhou logo na primeira noite, viu que era ali onde queria ficar.
Engravidou aos 17 da primeira paixão. Ao ter a criança, saiu da prostituição e passou a atuar como doméstica, numa tentativa de seguir com a família dita tradicional. Mas o relacionamento não deu certo e ela escolheu voltar para o trabalho sexual.
Ela teve mais três filhos, e os quatro puderam estudar, concluir faculdade e realizar sonhos. Luza se formou em ciências contábeis em 2018 na mesma faculdade onde o terceiro filho estudou administração.
"Colamos grau juntos", orgulha-se ela, que é sócia-fundadora da Apros-PB (Associação das Prostitutas da Paraíba).
Os quatro filhos são de pais diferentes. Sem rede de apoio, Luza pagou babá e creche para ter onde deixar as crianças no horário de trabalho e, nas horas vagas, levava a família à praia, ao parque e a festas de criança. "Como qualquer outra mãe solo", ela diz.
"Mesmo com a faculdade, nunca quis trocar de profissão, porque se fosse trabalhar em outro lugar para ganhar um salário mínimo não teria conseguido criar meus filhos com conforto."