A cirurgia de prótese de silicone chegou no Brasil na década de 1960. Rapidamente a "facilidade" de aumentar o volume do colo virou um dos procedimentos cirúrgicos mais populares do país, chegando a cerca de 200 mil cirurgias ao ano, de acordo com o último censo, realizado em 2018, pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Isso significa 18,8% de todas as cirurgias plásticas realizadas em solo nacional.
Mas o que até pouco tempo era uma maneira de elevar a autoestima e fazer algumas mulheres ficarem mais em paz com corpo, vem causando sérios efeitos colaterais. A chamada "doença do silicone" não é comprovada cientificamente, mas segundo quem sente, gera uma lista de sintomas extensa que inclui cansaço extremo, olheiras, visão turva, dores, queda de cabelo, problemas estomacais... E tudo desaparece após o explante - como é chamada a cirurgia de retirada das próteses de silicone.
"Como ainda não há nenhuma comprovação da existência dessa doença, não há um exame que consiga indicar o silicone como a causa do problema desses pacientes. É difícil fechar um diagnóstico, pois são diversos sintomas sem relação direta, é muito vago", diz o cirurgião plástico Victor Cutait, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e professor da Uninove. "Existem mulheres com esses sintomas, mas o número é muito baixo: umas melhoram com a retirada da prótese, outras nem tanto. É necessário afastar outros problemas para depois falar sobre a Síndrome de Ásia", conclui, citando outra doença autoimune que está sendo relacionada ao silicone.
Hoje em dia, o diagnóstico acaba sendo por exclusão: se não é mais nada, pode ser o silicone. E assim, diversas mulheres decidem retirar as próteses para favorecer a saúde.