"Posso afirmar que minha gravidez não foi planejada: morava há seis anos em Sidney, na Austrália, quando decidi que voltaria para o Brasil. Lá, mantinha uma rotina de empresária: era dona de uma agência de limpeza em casas recém-construídas, mas voltei porque tive um problema com o visto. Minha ideia era ficar no máximo um ano por aqui e depois me mudar novamente para o exterior. Pensando nisso, fiz um curso para trabalhar com unhas de fibra de vidro e comecei a atender, mas isso durou pouco tempo. Em 2020, minha vida mudou completamente. Nos primeiros meses do ano, reencontrei um rapaz com quem costumava sair na adolescência, uma paixão antiga. Passamos três dias juntos e algumas semanas depois perdemos contato. Isso até eu descobrir que estava grávida.
Na ocasião, tomei uma pílula do dia seguinte, algo que nunca tinha feito, mas ela não funcionou. Aproximadamente seis semanas depois, comecei a sentir dores nos seios e comprei o teste. Quando constatei a gestação, fiquei desesperada. Liguei para minha mãe dizendo muito firmemente que não poderia vivenciar a maternidade agora. Eu nem queria ficar no Brasil. A emoção foi muito forte, mas de um jeito ruim. Ao mesmo tempo, uma parte de mim sempre teve o sonho de ser mãe.
Naquela mesma noite, fui tomar uma cervejinha, como fazia todas as noites, mas parei quando me lembrei da gravidez. Nesse momento, tive um estalo e me questionei: 'Se não quero ter esse filho, por que já estou cuidando dele?' e aos poucos fui me habituando com a ideia de estar grávida. Decidi, então, que seria mãe solo.
Tudo isso aconteceu em meio à pandemia. No início, meu medo da doença era tanto que usava luvas para descer no elevador e levar meu cachorro para passear. Porém, no terceiro mês da gestação, um exame de sangue mostrou que eu já tinha contraído a doença. Logo associei ao fato de que, uma semana antes de engravidar, tive um forte mal-estar por três dias e perdi o olfato e o paladar por quase um mês. Ao saber que desenvolvi anticorpos, fiquei mais tranquila. Hoje passo álcool e uso máscara pelo medo de uma reinfecção, mas não sinto pavor como antes.
Não pude fazer um chá de bebê, como eu queria. Então, como trabalho com internet, optei por um chá de revelação online, através do Instagram. O pai e os avós da criança acompanharam em tempo real a descoberta do sexo. Gosto de usar o ambiente digital para conversar com outras mães. É claro que o ideal de uma gravidez é ter um parceiro presente e que te apoie. A gestação de uma mãe solo pode ser bastante solitária, como tem sido a minha. Mas estou focada proporcionar para minha filha a melhor experiência de vida que ela pode ter — e mostrar para mais mulheres que sim, é possível fazer isso sem depender um homem".
Lauryen Américo, 27 anos, Porto Alegre (RS), influencer e empresária, grávida de Louise