Elas sobrevivem em barracas improvisadas em praças, debaixo de pontes e até escondidas em cemitérios públicos. Uma pequena parte encontra acolhida em iniciativas públicas ou privadas. Essa é a realidade enfrentada por muitas mulheres trans que decidiram assumir um gênero diferente daquele que lhes foi designado ao nascer.
No Brasil, na maioria das vezes isso significa ter que se separar da família, abandonar os estudos, não conseguir uma oportunidade de emprego e estar sujeita a diversos tipos de violência. Uma realidade bem diferente da apresentada pelo personagem trans jovem e rico Ivan na novela das 21h "A Força do Querer", cuja reprise está em seus capítulos finais na Globo.
Em São Paulo, um levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e divulgado em 2019 apontou 386 mulheres transexuais e travestis em situação de rua. Destas, 200 estavam acolhidas em serviços da rede socioassistencial. Mas, os dados e a metodologia usadas nesse estudo foram questionados por recenseadores que participaram da contagem. Segundo eles, o número é bem maior do que o divulgado.
Gabriely, Amanda e Katharina vivem na Casa Florescer, na região central de São Paulo. O local, com capacidade para 30 pessoas, é um centro de acolhimento para mulheres trans e travestis da prefeitura. A Universa, elas compartilharam um pouco de suas trajetórias, assombrada pela transfobia e pelo medo em diversos momentos. Mas também revelam histórias de superação e de esperança em dias melhores.