Suzane von Richthofen tem muitas novidades. E elas são repugnantes.
A assassina confessa dos pais assinou um termo de união estável com o irmão de uma companheira de presídio. A mulher foi sentenciada a 29 anos porque junto com o marido e o amante estuprou suas duas irmãs gêmeas de três anos.
Ela foi madrinha de casamento de outra detenta, meses atrás, que matou o filho de quatro anos do companheiro, dando-lhe socos na barriga, batendo sua cabeça contra a parede e o obrigando a tomar banho gelado num dia de inverno. O casamento foi com o pai do menino, dez anos depois do crime. A noiva estava de vermelho.
Suzane diz que quer ser pastora evangélica. Já subiu ao púlpito, falando de perdão, e foi aplaudida sob gritos de Aleluia! por cerca de 300 pessoas. Também diz querer ser mãe; terá uma Isabela ou um Benjamim, e que vai mudar o sobrenome para o do marido. Quer ser Suzane Louise Olberg das Dores.
As revelações estão no livro "Suzane - Assassina e Manipuladora", do qual o UOL publica trechos com exclusividade e que chega hoje às livrarias. Para o autor, entrevistado nesta reportagem, o jornalista Ullisses Campbell, Suzane é a presa mais famosa do Brasil. "Ela é a líder de Tremembé, presídio que abriga os presos mais perigosos do Brasil. Por lá passaram mulheres como Anna Carolina Jatobá e Elize Matsunaga. Além de ser uma personalidade midiática, ela conquistou o respeito da Administração Penitenciária, da Defensoria Pública e da juíza que executa sua pena", diz.
Trabalhando como coordenadora da oficina de costura, Suzane ganha um salário mínimo. Segundo Campbel, tem ainda 120 mil reais pagos por Gugu para dar-lhe uma entrevista e um apartamento de 1 milhão de reais, deixado pela avó paterna -depois do crime. Dorme em um galpão com cerca de 100 beliches e cinco vezes por ano tem direito a saidinha de sete dias. Nelas, vai para a casa do companheiro, o marceneiro Rogério Olberg das Dores, em Angatuba, no interior paulista.
O livro traz outras surpresas. Conta, por exemplo, que Cristian Cravinhos, seu ex-cunhado e um dos executores dos crimes, teve um romance homossexual e uma fratura peniana dentro da cadeia. Há também sugestões de corrupção relacionadas ao pai de Suzane e o PSDB. Se faz necessário dizer que o livro tem muitas passagens, especialmente diálogos, que não soam convincentes. "As histórias foram reconstituídas a partir de conversas com os personagens e de depoimentos que eles deram à Justiça. É o que se costuma chamar de jornalismo literário", diz Campbell.
Para chegar às histórias, o jornalista pesquisou o universo de Suzane von Richthofen por três anos. Entrevistou 56 presas que cumpriram pena com ela e 16 agentes penitenciários lotados nas cadeias por onde a criminosa passou. Cristian Cravinhos foi entrevistado oito vezes. Campbell diz que esteve com Suzane três vezes e com Daniel, quatro. Os dois se recusaram a dar entrevistas formais. O autor diz que contou com eles, porém, para checagem de informações.
Suzane tem 36 anos. Está presa há quase 18. Sua pena é de 39 anos e seis meses, por ter matado os pais, Marísia e Manfred, em 2002, com o namorado e o cunhado. Ao contrário de Daniel Cravinhos, que já está em regime aberto, ela não pode sair do xadrez. Motivo: não convence psiquiatras e juízes de que se arrependeu e não vai voltar a matar. Mas, este ano, tudo pode mudar.