Há pouco mais de um ano, entrei em minha conta no Instagram e perguntei às minhas seguidoras o que deveria fazer para que o cabelo de Liz, minha filha, não ficasse para cima. Aquela mensagem, direcionada às mães, mudou tudo para mim e minha família.
Sou uma mulher branca de 29 anos, mãe de uma menina negra de 2. Liz tem o cabelo cacheado, diferente do meu, que é liso. Até ela nascer, nunca tinha precisado lidar com o cabelo cacheado ou crespo. Por isso eu escrevi aquela mensagem.
Sem que fosse minha intenção, machuquei muitas pessoas dentre as cerca de 15 milhões que me seguem no Instagram. Falei do cabelo da Liz de forma indevida, reconheço. No meu íntimo, sei que eu não estava querendo causar dor a ninguém, muito menos a minha filha. Mas a realidade é que feri muitas mulheres pretas que me acompanham nas redes.
Quando percebi a proporção que meu comentário tomou, apaguei a publicação. Mas recebi muitas mensagens. A maioria era de apoio. Pessoas que me seguem há tempos entenderam que não havia maldade na minha fala e me chamaram para conversar. Queriam, no fundo, me ajudar, me orientar em relação ao assunto.
Mas também recebi mensagens violentas. O que mais me machucou foi ler comentários agredindo a Liz, fazendo comentários racistas. Fiquei agoniada, sem reação. Me feriu muito como mãe. Eu realmente não sabia o que responder. Então entendi que, sendo mãe de uma menina negra, eu precisaria mais do que nunca de informação.
Não tenho vergonha de reconhecer a minha ignorância. Passei a compreender, por exemplo, o quanto essa questão do cabelo mexe com muitas mulheres. Eu não sabia disso. Entendi que precisava adquirir consciência racial, algo que eu simplesmente não tinha.