Tinha acabado de buscar meus filhos na escola. Viemos conversando no carro, ouvindo música, e vimos um ipê amarelo lindo no caminho. Parei para tirar foto e falei: "Preciso mandar para o seu pai".
Deixei os meninos em casa e voltei para o trabalho. Tudo normal —até que o telefone tocou.
Quando eu escutei o "alô" do Mário [Canivello, assessor de imprensa de Domingos], meu corpo inteiro gelou.
-"Você tem acesso ao Instagram?"
-"Tenho, mas o que está acontecendo?"
Ele me explicou que o Domingos tinha ido tomar banho no rio e desapareceu.
Já tive uma experiência de luto na minha família: em 1990, meu irmão de 13 anos faleceu. Eu tinha 17 e foi a mesma sensação: uma moleza no corpo.
A primeira coisa que pensei foi em ter meus filhos do meu lado.
Pedi para buscar os dois menores na escola, para evitar que ouvissem comentários na saída. O Leo [filho mais velho, então com 13 anos] estava sozinho em casa, com acesso à internet. Entrei, fui direto ao quarto dele e expliquei: "O papai sumiu no rio, mas ele sabe nadar, provavelmente está em algum lugar esperando o resgate".
Falei para ele o que eu queria acreditar. Até o último milésimo de segundo, fiquei pensando em todas as situações possíveis para acreditar que, no final, teria sido só um susto.