Imagine que você e seu parceiro estão se beijando no meio da rua e que essa simples demonstração de afeto se torna uma "atração" para quem está passando pela calçada. É isso que a analista de projetos Fabiola Pedroso, uma mulher paraplégica, vive constantemente ao lado do namorado.
Ela usa cadeira de rodas e, além de ficar sob os olhares de quem não tem nada a ver com seu relacionamento, já ouviu pessoas dizerem 'parabéns' ao parceiro por estar com ela.
A criadora de conteúdo Julia Aquino, que também usa cadeira de rodas, sabe de onde vem esse preconceito. "Há pessoas que acreditam que nós, que temos deficiência, não transamos, que somos anjos ou 'alecrins dourados'." Bem, não são.
O que elas enfrentam é o capacitismo, atitudes discriminatórias, conscientes ou não, que subjugam a autonomia de alguém e colocam em primeiro lugar as deficiências, como se, apenas elas, definissem o ser humano. Pela ótica de um capacitista, as pessoas com deficiência (PCD) talvez não sintam desejo e tampouco sejam livres para viver a sexualidade plenamente.
São olhares que, de alguma forma, colocam limites para a capacidade de amar tão universal e cara a todos nós. Universa ouviu quatro mulheres sobre suas experiências afetivas e sexuais, os preconceitos e medos que fazem parte de suas vidas amorosas, e a descoberta da própria sexualidade em diferentes níveis.